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Renamo alerta para consequência de atrasos da implementação de acordo de paz em Moçambique
O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) disse hoje que atrasos na integração de guerrilheiros do seu partido ameaçam o acordo de paz assinado há dois anos.
“Parece ficar claro que a implementação do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração está a passar para o segundo plano”, declarou o presidente da Renamo, falando à comunicação social numa cerimónia do partido em Nampula, no Norte de Moçambique.
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Segundo Ossufo Momade, o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) já abrangeu mais de 2.600 guerrilheiros da Renamo, mas as autoridades têm mostrado desinteresse em integrar o grupo de guerrilheiros daquele partido que se vão juntar à polícia.
“O Governo ainda não enquadrou os combatentes que devem ser integrados na Polícia da República de Moçambique”, frisou Ossufo Momade.
Para o líder da Renamo, os atrasos na implementação do entendimento alcançado fragilizam o acordo e, caso a situação prevaleça, as “consequências serão imprevisíveis”.
“O grupo de contacto criado parece entender ter feito o suficiente, o que propícia a fragilização do processo e o que pode encarnar consequências imprevisíveis”, declarou Ossufo Momade, criticando também o silêncio da sociedade civil moçambicana para com os atrasos do processo.
O Acordo de Paz e Reconciliação Nacional foi assinado em 06 de agosto de 2019 em Maputo pelo atual Presidente da República, Filipe Nyusi, e pelo líder da Renamo, Ossufo Momade.
O entendimento foi o terceiro entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Renamo, tendo os três sido assinados na sequência de ciclos de violência armada entre as duas partes.
No âmbito do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, pouco mais de metade dos cerca de cinco mil guerrilheiros da Renamo foram abrangidos pelo DDR, sendo que alguns foram incorporados nas Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas.
O acordo é contestado por um grupo dissidente daquele partido de oposição autoproclamado Junta Militar da Renamo, à qual são atribuídos ataques a alvos civis e do Estado no centro do país, com um saldo pelo menos 30 mortos, desde agosto de 2019.
O grupo, chefiado por Mariano Nhongo, um general da guerrilha da Renamo, acusa a atual liderança do partido de ter traído os ideais do falecido presidente da organização, Afonso Dhlakama, nos compromissos que assumiu com a liderança do executivo da Frelimo.
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