Educação
Reitores querem inclusão das universidades no programa de transição digital
A inclusão das instituições de ensino superior na transição digital e a criação de agendas para o conhecimento de recursos naturais são duas das propostas do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas para o Plano de Recuperação e Resiliência.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Sousa Pereira, afirmou hoje que, apesar do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) já dar resposta a algumas das preocupações, “há ainda outras áreas nas quais as universidades podem ter um contributo importante para o país sair da crise”.
O CRUP apresenta hoje no ‘webinar’ Contributos do Ensino Superior para o PRR, que conta com a presença da Comissária Europeia Elisa Ferreira, do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, e do coordenador do PRR, António Costa e Silva, algumas das propostas que considera que podem tornar o país “mais apto a responder aos desafios do futuro”.
“Aquilo que queremos fazer é, na sequência deste ‘webinar’, construir um conjunto de propostas adicionais que, no nosso entender, contribuem para melhorar o país e a sua competitividade, tornando-o mais apto a responder aos desafios do futuro”, afirmou António Sousa Pereira, também reitor da Universidade do Porto.
Entre as propostas do CRUP destaca-se a integração das instituições do ensino superior no programa de transição digital e a modernização e atualização de professores, problema que considera que a “pandemia expôs de forma dramática”.
“Não há razão para as universidades não estarem incluídas nesse programa”, afirmou o presidente do CRUP, acrescentando que as exigências do ensino à distância e da modernização dos processos de ensino são também desafios para estas instituições.
Outra das propostas do CRUP é a criação de um programa de agendas mobilizadoras de interesse público para o conhecimento dos recursos naturais e previsão de situação de catástrofes, como pandemias e problemas de saúde pública, ou relacionado com as alterações climáticas.
“Uma das coisas que a pandemia nos ensinou foi que ter feito investigação em áreas com o RNA durante os últimos 15 e 20 anos foi fundamental para conseguirmos desenvolver uma vacina com eficiência e rapidez”, salientou, acrescentando que é necessário “antever” o mesmo noutras áreas.
“Como vamos reagir à subida dos oceanos, como vamos reagir a uma nova pandemia, como vamos reagir a uma seca prolongada, a um terramoto ou tsunami. Só é possível responder com qualidade se tivermos previamente feito investigação e preparado respostas, é por isso que chamamos a atenção para estas agendas de interesse público”, esclareceu.
A criação de um programa específico para o financiamento das atividades de investigação, aberto a todas as áreas científicas, e assegurar a participação e investimento por parte das empresas envolvidas nos consórcios no programa das agendas mobilizadoras para a indústria são outras das propostas do CRUP em matéria de investimento e inovação.
Já quanto às qualificações e competências, o CRUP defende que o programa de modernização deve ser alargado às instituições do ensino superior e que o programa de incentivo adultos e impulso jovem STEAM deve abranger universidades e politécnicos, considerando que “só dessa forma se aproveita toda a rede existente”.
O PRR de Portugal, para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19, prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções.
Depois de um rascunho apresentado à Comissão Europeia em outubro passado e de um processo de conversações com Bruxelas, o Governo português colocou a versão preliminar e resumida do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em consulta pública, até 01 de março, no qual estipula “19 componentes, que integram por sua vez 36 reformas e 77 investimentos”.
O executivo justifica que, “com base no diagnóstico de necessidades e dos desafios”, foram definidas três “dimensões estruturantes” de aposta – a da resiliência, da transição climática e da transição digital -, às quais serão alocados 13,9 mil milhões de euros em subvenções a fundo perdido das verbas europeias pós-crise.
No documento, estão também previstos 2,7 mil milhões de euros em empréstimos, mas fonte do executivo garante que “ainda não está assegurado” que Portugal irá recorrer a esta vertente do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, o principal instrumento do novo Fundo de Recuperação da União Europeia.
Previsto está que a maior fatia (61%) das verbas do PRR se destine à área da resiliência, num total de 8,5 mil milhões de euros em subvenções e de 2,4 mil milhões de euros em empréstimos.
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