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Reitor acusa: manifestantes contra a Fundação invadiram e vandalizaram Universidade

Notícias de Coimbra | 8 anos atrás em 22-02-2017

João Gabriel Silva, Reitor da Universidade de Coimbra, acusa estudantes que lutam contra a Fundação Universidade de Coimbra de tentativa de invasão e vandalismo do património universitário.

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Veja a comunicação que enviou para a comunidade universitária:

“Segunda-feira passada, dia 20 de fevereiro, algumas dezenas de pessoas presentes numa iniciativa promovida pelo Conselho das Repúblicas subiram as escadarias que levam até à Sala das Armas no Paço das Escolas e entraram na Sala Amarela, apesar de ela estar vedada ao público. Aí, desrespeitando o património que dizem defender, riscaram quadros antigos presentes na sala, fazendo até inscrições num deles. Fizeram disparar o alarme de incêndio partindo elementos do sistema de deteção, e quase arrombaram as portas da Reitoria para “conseguir falar com o Reitor”, sem terem solicitado qualquer encontro. É um abuso afirmar que alguém não quer reunir se o pedido de reunião não foi feito.

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Apesar disso, quando me apercebi do interesse em falar comigo, fui ter com essas pessoas e com elas dialoguei durante algum tempo, esclarecendo algumas questões que me foram colocadas e ouvindo os seus pontos de vista. Lamento que se causem estragos para conseguir o que se pode obter com uma simples carta ou mensagem.

Sou um profundo defensor da escola pública. Jamais pactuarei com qualquer tentativa de alterar essa condição. O regime fundacional é uma alteração de algum enquadramento legal das universidades, dando-lhes um pouco mais autonomia, com vantagens e desvantagens, mas que nunca coloca em causa a condição de escola pública. É por essa razão que promovi a reflexão sobre este tema ( http://www.uc.pt/regimefundacional ), pois entendo que qualquer posição formal da Universidade sobre o regime fundacional carece de discussão prévia e diálogo esclarecido no seio de toda a comunidade universitária, com vista a uma decisão ponderada e inclusiva de todos os pontos de vista.

Lamento muito que o Conselho das Repúblicas acuse a Universidade de recusar o diálogo e de afastar grupos de estudantes da discussão da eventual passagem ao regime fundacional, quando o debate está aberto e vai durar. Houve já uma sessão, a 31 de outubro, aberta a todos, e haverá seguramente mais depois de o processo eleitoral para o Conselho Geral, ainda em curso, estar terminado. Pela minha parte estou, como sempre estive, disponível para o debate sereno de ideias.

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Lamento ainda que, em todo o período de preparação da manifestação do Conselho das Repúblicas, e de forma organizada, tenham sido feitas centenas de pichagens nas paredes dos edifícios da Universidade, e colados inúmeros cartazes sobre a iniciativa nos locais mais diversos, causando grandes estragos aos edifícios.

Já em novembro de 2012, numa iniciativa anterior do Conselho das Repúblicas, foram feitos diversos estragos nos azulejos e nas cantarias da Via Latina. É um triste padrão que se repete e que não é aceitável que continue.

Nestas ações transparece um profundo desrespeito pelo património da escola pública que esta iniciativa diz defender. Para repor os estragos feitos muito dinheiro público tem de ser gasto e, em muitas situações, como no caso dos riscos nos quadros e nas pinturas nas cantarias, é apenas possível atenuar os danos, não sendo possível revertê-los totalmente. O património secular da Universidade de Coimbra não é nem do Reitor, nem deste grupo de pessoas, nem de nenhum grupo em particular, mas sim de todo o país, e até de todo o mundo, como bem o reconheceu a UNESCO. Degradá-lo não ajuda na defesa do ensino superior público nem melhora a capacidade de o Conselho das Repúblicas fazer ouvir a sua voz. Não é aceitável que se desperdicem recursos públicos para este efeito, quando deviam ser usados para disponibilizar um ensino público de cada vez maior qualidade e cada vez mais inclusivo.

Saudações universitárias

João Gabriel Silva
Reitor”

 

Exemplos dos estragos de agora podem ser vistos em
http://www.uc.pt/2017-02

e dos estragos de 2012 em
http://www.uc.pt/2012-11-22

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