Economia
Rede alargada para a Economia Circular quer mudar paradigma da economia não eficiente no uso dos recursos
O Laboratório Colaborativo para a Economia Circular (CECOLAB), em conjunto com outros laboratórios e entidades interessadas na transformação da atual economia linear num sistema sem desperdícios, criaram “uma rede alargada de cooperação para mudar o paradigma da economia não eficiente no uso dos recursos”.
Doze laboratórios colaborativos (CoLab) com área de interesse e necessidades em economia circular e 15 outras entidades participaram no desafio lançado pelo CECOLAB para constituição de “uma rede alargada de cooperação para mudar o paradigma da economia não eficiente no uso dos seus recursos”, disse hoje à agência Lusa João Nunes, responsável pelo CECOLAB, sediado, desde final de 2019, no Campus de Tecnologia e Inovação da BLC3, em Oliveira do Hospital.
Para além dos 12 CoLab, estão envolvidas no desenvolvimento da rede alargada – que também pretende “aumentar a cooperação entre as entidades de inovação e governativas em Portugal” – a Agência Nacional de Inovação (ANI), comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR), regiões autónomas e comunidades intermunicipais (CIM), adianta João Nunes.
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“Só será possível conseguir mudar o paradigma de uma economia linear para uma economia circular (uma economia mais responsável no uso dos recursos, mantendo a competitividade e o respeito pelos valores e serviços do planeta), se cooperarmos todos em conjunto e juntarmos o conhecimento de todos”, sustenta João Nunes.
Pois, salienta, “na sua multidisciplinaridade está o seu grande potencial, mas também está o seu grande desafio e o caminho não será possível, certamente, se for efetuado de forma isolada ou em pequeno grupo”.
O desenvolvimento da rede alargada para mudar o paradigma da economia foi assumido durante o primeiro Encontro Anual de Cooperação para a Economia Circular e Posicionamento Internacional, realizado nos dias 16 e 17 de junho, por videoconferência (em formato Webinar), por iniciativa do CECOLAB, instalado no interior do distrito de Coimbra, em Oliveira do Hospital.
A reunião, que contou com a participação de 46 representantes de diferentes entidades de “todo o território nacional”, também foi “a primeira grande ação de arranque das atividades do CECOLAB”, que entrou em funcionamento no dia 02 de fevereiro.
“Este evento teve como objetivo principal encontrar sinergias de cooperação, áreas de interesse, levantamento de necessidades e prioridades de I&I [investigação e inovação] na área da economia circular e formas de, em conjunto, posicionar e ganhar escala competitiva a nível internacional, assim como resolver problemas nacionais e aumentar a discussão e diálogo alargado e em simultâneo com diversas entidades”, refere o presidente do CECOLAB.
Na reunião, que “foi um sucesso”, foi apresentada a “equipa jovem e multidisciplinar do CECOLAB – “uma equipa de elevado potencial e mérito, que irá fazer a diferença e ajudar o país e ser mais competitivo e resiliente” –, assegura João Nunes, admitindo que a sua “periodicidade não seja só anual”.
“Mesmo na fase de pandemia de covid-19”, o laboratório colaborativo dedicado à temática da economia circular sediado em Oliveira do Hospital “contratou mais 14 recursos humanos altamente qualificados, perfazendo já a criação de 25 empregos científicos, localizados em regiões interiores”, destaca João Nunes.
Reconhecido com selo de excelência pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e inserido na iniciativa CoLab do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o CECOLAB “tem como missão apoiar a transição de uma economia linear para uma economia responsável com os recursos e as pessoas, mais eficiente no seu ciclo de vida, desenvolvendo e transferindo conhecimento e tecnologia para o mercado, com a criação de emprego científico, assumindo a liderança e posicionamento de Portugal na economia circular”.
O CECOLAB, que desenvolve atividades em três plataformas tecnológicas – biotecnologia industrial, processos de sustentáveis de separação e química verde e ecodesign –, pretende assumir-se como “uma estrutura de excelência, numa região interior, e com capacidade para a liderança e representação internacional de Portugal em economia circular”.
A economia circular é uma das prioridades do Parlamento Europeu e consiste num modelo de produção e de consumo que envolve a partilha, a reutilização, a reparação e a reciclagem de materiais e produtos existentes, alargando o ciclo de vida dos mesmos e implica a redução do desperdício ao mínimo. Quando um produto chega ao fim do seu ciclo de vida, os seus materiais são mantidos dentro da economia sempre que possível, podendo ser utilizados uma e outra vez, criando assim mais valor.
A economia circular contrasta com o modelo económico linear baseado no princípio “produz- utiliza-deita fora”. Este modelo exige vastas quantidades de materiais a baixo preço e de fácil acesso e muita energia. A obsolescência programada contra a qual o Parlamento Europeu pede medidas também faz parte deste modelo, tendo já realizado iniciativas no sentido de alargar o tempo devida dos produtos no mercado.
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