Um homem, de 50 anos, aceitou um pedido de amizade de uma mulher através do Facebook, em dezembro de 2023. Após dias de conversa, a pedido desta, que garantiu não ser menor de idade, enviou uma fotografia em tronco nu, recebendo depois uma fotografia dos seios dela.
Surgiram-se pedidos de fotos íntimas, aos quais a vítima não acedeu, e a alegada mulher deixou de o contactar. Foi no início de 2024 que começou o pesadelo, que foi alvo de uma extorsão de 80 mil euros.
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Fez oito transferências bancárias em 16 dias nas quais gastou todas as suas poupanças e ainda se endividou.
“Comecei a receber chamadas de um homem que dizia que era comissário da polícia de Angola a dizer que a rapariga com quem falei era menor e que tinha de pagar 10 mil € porque a rapariga tinha sido internada com uma depressão numa clínica em Angola. Senão era preso”, revela o homem ao Correio da Manhã, especificando que fez no imediato uma transferência de 400 euros e, no dia seguinte 9600 euros.
Dias mais tarde, foi contactado pelo mesmo homem, que lhe disse que a menor tinha de ter transferida para unidade hospitalar. “Exigiram que pagasse 15 mil euros”, conta, acrescentando que no dia seguinte pediram mais 15 mil.
A chantagem continuou. Foi coagido a pagar mais 20 mil euros porque a “rapariga tinha morrido em África e tinha de assegurar as despesas do funeral”.
Sem mais poupanças, pediu dinheiro ao sogro e voltou a transferir o valor. “Estavam sempre a ligar e disseram que eu era o responsável pela morte da rapariga”, lembra. Num desses contactos, pediam a Daniel que falasse com os pais da alegada menor.
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“Pediram-me uma indemnização de 25 mil euros. Eu já não tinha dinheiro, nem a quem pedir, e fui ao banco fazer um empréstimo. Só me deram 20 mil € e foi esse valor que eu transferi.”
Desesperado com as chamadas constantes, pediu a opinião a uma advogada, que lhe disse que estava a ser extorquido. Foi nessa altura que fez queixa na Polícia Judiciária de Coimbra.
A 9 de fevereiro, Daniel Augusto apresentou queixa na Diretoria da Polícia Judiciária do Centro. O denunciante entregou às autoridades todos os comprovativos de transferências bancárias realizadas para contas portuguesas. Além disso, mostrou as conversas que manteve com o chantagista.
O inquérito, que se encontra em segredo de justiça, decorre no Departamento de Investigação e Ação Penal de Coimbra.
Meio ano depois de ter apresentado queixa nas autoridades, Daniel desespera por novidades sobre o caso que destruiu a sua vida por completo. “Passaram seis meses, já liguei para a Polícia Judiciária e ninguém me diz nada”, lamenta.
As oito transferências realizadas entre os dias 2 e 18 de janeiro tiveram como destinatário quatro contas bancárias portuguesas. Segundo os comprovativos, aos quais o jornal teve acesso, foram para o Banco Atlântico Europa, Caixa Geral de Depósitos, Novo Banco e Millennium BCP. Os titulares das contas são quatro homens.
Depois de pedir dinheiro ao sogro, fez um crédito pessoal para ter o montante exigido. “Pedi ao banco 25 mil euros, mas, depois de analisarem as últimas folhas de vencimento, só me deram 20 mil”, conta. “Atualmente estou a pagar 491 euros por mês de uma coisa que nunca tive. É um sufoco”, desabafou.
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