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Ramos-Horta elogia o “brilhante” Lula da Silva mas alerta sobre fragmentação no Brasil
O Presidente de Timor-Leste elogiou, em entrevista à Lusa, o “brilhante” Lula da Silva, que tomou posse no domingo como Presidente brasileiro, mas alertou sobre os desafios que vai enfrentar com um país fragmentado e dividido.
“Uma pessoa simples, brilhante, um internacionalista, mas acima de tudo é um grande brasileiro”, resumiu assim José Ramos-Horta, em entrevista à Lusa, em Brasília, referindo-se a Lula da Silva, um dia depois de ter sido empossado como Presidente do Brasil.
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José Ramos-Horta deixou ainda rasgados elogios à cerimónia daquele que considerou ser um “homem de Estado”, desde o desfile no Rolls-Royce – que serve a Presidência da República desde 1952 rumo ao Congresso e ainda os dois discursos feitos por Lula já oficialmente Presidente brasileiro
“Discursos extraordinários. Na profundidade do seu humanismo, da sua devoção à situação dos mais pobres, dos negros, dos povos indígenas”, disse, afirmando ter sido uma “grande cerimónia da entrega da faixa” com “todo o arco-íris do Brasil” presente.
Lula da Silva recebeu a faixa presidencial de representantes da diversidade étnica e social da população, numa cerimónia cheia de surpresas após subir a rampa do Palácio do Planalto, sede do Governo.
Compunham este grupo o cacique Raoni Metuktire, maior liderança da etnia caiapó do Brasil, um jovem portador de deficiência chamado Ivan Baron que teve paralisia cerebral causada por uma meningite, Murilo de Jesus, um professor de português, Jucimara dos Santos e Flavio Pereira que participaram da vigília Lula Livre, um garoto negro de 10 anos chamado Francisco Carlos do Nascimento e Silva, Ivan Vitor Dantas Pereira e o metalúrgico Weslley Viesba Rodrigues Rocha.
Também compunha o grupo Aline Sousa, uma mulher negra de 33 anos que apanha lixo e quem lhe entregou a faixa presidencial que deveria ter sido entregue, conforme indica a tradição, pelo antecessor de Lula da Silva, Jair Bolsonaro.
A subida da rampa do palácio foi marcada pela presença de uma cadela rafeira, de nome Resistência, que pertence ao casal presidencial.
“O ex-Presidente, que não vou mencionar o nome teve oportunidade para resgatar um pouco de algum sentido de Estado, mas recusou ser alguém que sabe perder, porque perder humilhação” pode ser “também um ato de coragem e humildade”, frisou o Presidente timorense, referindo-se a Jair Bolsonaro, que recusou citar pelo nome.
“Mas não soube aproveitar por ser quem é. É a natureza da pessoa”, acrescentou.
Bolsonaro não cumprimentou Lula da Silva pela vitória, nem reconheceu de forma clara sua derrota eleitoral, evitando também participar do rito tradicional da cerimónia de posse em que o Presidente cessante passa a faixa presidencial ao novo chefe de Estado.
Na opinião de José Ramos-Horta, Lula da Silva vai agora receber o país com uma “sociedade profundamente fragmentada, as instituições violadas e por isso muito fragilizadas” e ainda com as Forças Armadas manipuladas e politizadas.
Ainda assim, dando o exemplo dos Estados, considerou que as instituições prevaleceram.
“As democracias também têm recuos e retrocessos”, disse, frisando contudo que as sociedades brasileira e norte-americana conseguiram derrotar Donald Trump e Jair Bolsonaro.
Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores) é o primeiro chefe de Estado a ter três mandatos na história recente do Brasil. Candidato seis vezes à Presidência da República do Brasil, foi o primeiro líder operário a chegar ao posto mais importante do comando político do país.
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