Vamos

Quer “ouver” o que vai acontecer na Casa do Guarda Florestal?

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 11-07-2022

Até setembro de 2022, a Casa da Guarda de Covões, uma antiga casa de guarda-florestal situada perto da aldeia de Balocas, no concelho de Seia, acolhe um projeto de pesquisa, reflexão e criação artística focado no tema da floresta e na sua relação com as comunidades envolventes.

Num território ameaçado pelos incêndios florestais que assolam o país nos meses de verão, e onde os efeitos das alterações climáticas, da monocultura do pinheiro e da desertificação se fazem sentir diariamente, “à escuta: CasaFloresta” procura formas de lidar com estes problemas a nível local para criar perspetivas a nível global e vice-versa.

PUBLICIDADE

Joana Sá, Luís J Martins, Corinna Lawrenz e Nik Völker são os criadores deste projeto que surge na continuidade do anterior “à escuta: catálogo poético”, realizado em 2021 na aldeia de Frádigas. A Casa da Guarda de Covões é agora o ponto de partida para a reflexão: o que foi esta casa e que floresta guardava? Por detrás da romantização das casas de guarda-florestal, que conflitos estabeleciam estes espaços com os habitantes do interior? Fará sentido usar as palavras “guardar” e “floresta” numa região marcada por monoculturas e espécies invasoras? E, pensando-a de uma forma interdisciplinar e poética, o que podemos conceber como floresta e que tipo de florestas queremos criar, nutrir e guardar?

Numa primeira fase, Joana Sá e Luís J Martins trabalharão a partir da Casa da Guarda de Covões e Corinna Lawrenz e Nik Völker a partir de Figueiró da Serra. Estes dois vales – Vide e Figueiró da Serra – em lados opostos do Parque Natural da Serra da Estrela, são caracterizados por práticas distintas em torno da floresta. De um lado, um território que preserva alguma floresta autóctone e inverte a tendência de desertificação (Figueiró, Gouveia), do outro um território de floresta mais marcado pela monocultura e com desertificação elevada (Vide, Seia). Em ambas as zonas, e com o apoio do realizador Lucas Tavares, serão recolhidos testemunhos áudio e vídeo junto das comunidades locais: memórias, histórias e ideias sobre a floresta e o seu potencial.

Ao longo do verão, haverá quatro residências artístico-científicas na Casa da Guarda de Covões. Destes encontros com convidados de diversas áreas (artes, biologia, filosofia, arquitetura, antropologia, história, estudos pós-coloniais e ativismo climático) sairão um “anti-mapa” virtual – uma “floresta” de conteúdos da pesquisa e reflexão e elementos dos processos criativos dos intervenientes – e a instalação “anti-mapa: floresta” criada pelos músicos Joana Sá e Luís J Martins, pelo realizador Lucas Tavares e pela designer Ana Viana, para a envolvente da Casa da Guarda de Covões.

Esta fase do projeto termina no dia 3 de setembro, com um encontro-caminhada aberto ao público, entre a Casa da Guarda de Covões e o “antiteatro” de Frádigas (instalação-palco criada no âmbito de “à escuta: catálogo poético”). Nesse dia, serão apresentados o “anti-mapa” virtual e a instalação “anti-mapa: floresta”, seguindo-se uma assembleia com a comunidade local. No dia 10 de setembro, o programa recria-se em Figueiró da Serra. 

Relacionando-se com todo o processo, será criada, em interação com a instalação, uma performance pelos músicos Joana Sá e Luís J Martins. A fase final de “à escuta: CasaFloresta” consiste, precisamente, na apresentação dessa performance musical, com vídeo de Lucas Tavares, em teatros por todo o país a partir do mês de novembro. Levando as urgências do interior para os centros urbanos e de decisão, “à escuta: CasaFloresta” leva também ferramentas para refletir e desconstruir a ideia de que a floresta é apenas uma exterioridade a estes centros. Reconhecendo que a floresta sustenta as casas de espetáculo e a condição urbana, simbolicamente e em termos concretos (energéticos, arquitectónicos, sonoros, etc.), a reflexão procurará criar novos tipos de floresta (im)possíveis.

PUBLICIDADE

Related Images:

PUBLICIDADE

publicidade

PUBLICIDADE