Desporto

Quatro em cada cinco jovens judocas deixaram a Académica

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 07-02-2021

O número de atletas de formação no judo da Associação Académica de Coimbra (AAC) caiu 80% esta época devido à pandemia da covid-19, disse à agência Lusa o presidente da secção, Filipe Nuno Rosa.

“Como é uma modalidade de contacto direto e com as normas impostas pela Direção-Geral da Saúde, a redução do número de atletas foi muito significativa”, salientou o dirigente.

No arranque da época desportiva, que coincide com o início do ano letivo, a secção de judo da Académica contabilizava 120 atletas na formação, dos quatro aos 14 anos, quando na temporada anterior registava 550 crianças e jovens.

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Os treinos estavam distribuídos por 20 polos, mas com o ressurgimento da covid-19 passaram a ser ministrados em apenas quatro da cidade de Coimbra: colégio St. Paul’s School, Jardim de Infância Aquário, Colégio Bissaya Barreto e nas instalações da AAC.

Até ao decreto do novo estado de emergência, os treinos foram sempre presenciais, com o “cumprimento escrupuloso” das normas da Universidade de Coimbra e da DGS, mas depois a formação passou a ser à distância através das plataformas digitais.

“Tivemos de nos readaptar e dar treinos ‘online’, promovendo a parte técnica e Liga de Competição e demonstrações de técnica e exercícios físicos e continuação do trabalho técnico de preparação para exame de graduação”, sublinhou o presidente da secção.

Segundo Filipe Nuno Rosa, a formação participava em torneios infantis que esta época deixaram de existir, pelo que foi necessário criar internamente ligas de competição ‘online’ entre os atletas dos quatro polos de treinos.

“Esta situação de paragem é muito grave e uma tragédia para a modalidade, que vale pela prática do contacto, pelo treino da técnica com os parceiros e o respeito pelo espaço”, frisou.

Os pais dos atletas destacam também o impacto negativo da pandemia na evolução dos atletas e na falta de socialização, que leva à desmotivação.

Este confinamento “tem impacto na evolução e na transmissão dos valores da modalidade”, salientou Pedro Mascarenhas, pai de uma criança de seis anos, que iniciou os treinos no último trimestre de 2020.

“Na prática, perde-se a essência do judo, pese embora a tentativa da AAC em manter os praticantes em atividade”, salientou, referindo que nota “desmotivação pela ausência de rotinas”.

Para Pedro Mascarenhas, o impacto nas crianças “é brutal” pelo que se perde ao nível do relacionamento diário, com a escola e a modalidade”.

João Rabaço, pai de um atleta de 16 anos, considera que a pandemia e o confinamento estão a ter um grande impacto “na socialização” dos atletas, “pese o esforço da secção para haver continuidade dos treinos ‘online’ e para que se sintam integrados”.

Segundo afirmou, o atraso na formação não é preocupante, na medida em que depois esse tempo será “compensado pelos treinadores” quando terminar o período de confinamento e regressarem os treinos.

“É admirável o esforço da secção para manter a atividade à distância e julgo que a disciplina e os valores incutidos nos jovens pelo judo faz a diferença na forma como estes jovens encaram o confinamento”, disse.

Até porque, sublinhou, “mesmo no confinamento há muitas crianças a serem graduadas”.

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