Opinião

Pungência tecnológica

Opinião | Amadeu Araújo | Amadeu Araújo | 8 minutos atrás em 23-11-2024

Temos uns artistas, modernos e embasbacados, com a tecnologia. Uma pungência discursiva, plural, que insistem em garantir-nos que servirá para o fomento, a visibilidade e a sustentabilidade.

Uma estética, afastada dos circuitos artísticos, que tem coisas bons e desperdícios.

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Entre as coisas boas está a nova fábrica em Coimbra que irá montar três satélites portugueses.

Como de costume, outras nacionalidades vão aos fundos europeus para observar o país e o planeta. Dizem ainda que irão vigiar a costa marítima e medir o impacto de desastres naturais, como os incêndios florestais.

Nada a opor, só o lamento triste de um país que não aproveita os seus. Monitorizar mar e florestas é sempre bom.

Adiante e cheguemos ao disparate.

Todos conhecem o episódio da conversa entre o Gemini, a ferramenta de inteligência artificial da Google, e um estudante nos Estados Unidos em que o chatbot aconselhou o jovem a “morrer”.

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Isto num contexto de questões sobre desafios e soluções para o envelhecimento dos adultos.

“És uma perda de tempo e recursos”, gemeu a inteligência, antes de pedir, por favor, ao utilizador para fenecer.

Ora fenecer é o ideal para esse mono que querem criar, de modelo de inteligência artificial em Português.

Parida na moderna, e cara, Web Summit, o modelo de linguagem de inteligência artificial português vai chamar-se Amália e a sua versão final será lançada em 2026.

O capital, fica lá em Lisboa e nós vamos assistir, na frisa, a torrefação de 78 milhões de euros do dinheiro europeu.

Não sabem o que fazer ao dinheiro, nem à inteligência. É que antes da Amália, já houve o Gervásio, Albertina e Serafim, até o Glória e os das grandes marcas.

Já inteligência para nos resolver os problemas, essa é cera gasta em fraco defunto, de tão minguada.

Vejam-se, entre tantos exemplos, as crianças que nascem em ambulâncias, as conversas entre a Liga dos Bombeiros e o Instituto Nacional de Emergência Médica.

Entrementes repetem o que já temos, 100 equipas garantidas pelas corporações de bombeiros.

Um país de quintas, mas para resolver esta questão, com tecnologia e referenciação, triagem e comunicação, não torramos nós o dinheiro.

Enfim, um país feito para parir aeroportos de Beja, que não nos falta mais nada que cornetas e megalomania.

Muita pungência e pouco pragmatismo.

OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA

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