Coimbra
PSP de Coimbra interrompe plantação do “Movimento Mondego Vivo” na zona do “campo de golfe”
A ação de plantação de árvores, dinamizada esta tarde pelo “Movimento Mondego Vivo – Em Defesa do Rebolim e da Portela”, no terreno que tem vindo a ser intervencionado pela Câmara Municipal de Coimbra na zona que poderá dar lugar a um campo de golfe entre a ponte da Portela e a praia fluvial do Rebolim foi interrompida pela PSP.
Esta intervenção “Movimento Mondego Vivo – Em Defesa do Rebolim e da Portela” surge depois de uma ação do município de Coimbra que teve início no passado dia 7 de Abril, momento a partir do qual o executivo municipal começou a rearborizar o terreno em causa, como o NDC já havia noticiado. No decorrer da iniciativa foram chegando veículos da PSP, totalizando no final da operação quatro viaturas e uma carrinha de intervenção, com diversos elementos que posteriormente procederam à identificação de todas as pessoas envolvidas na ação.
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Quanto à intervenção policial no local Catarina Silva considera chocante que “as pessoas que empreenderam esta ação que consideramos ser um crime ambiental não foram identificadas e saíram impunes enquanto nós, um grupo de cidadaos que decidiu livremente juntar-se aqui para tentar então simbolicamente colmatar algumas falhas da Câmara fomos todos identificados. Nós consideramos que foi mais uma ação de intimidação por parte da polícia municipal”.
Relativamente a esta ação simbólica do movimento, um dos dinamizadores Pedro Cosme, referiu-se à recente intervenção da Câmara como uma “Plantação linear que não procura restabelecer o ecossistema e a biodiversidade que queremos que o Mondego estimule e que nós estimulemos”. Acrescentou ainda que as árvores que, segundo o comunicado da Câmara foram plantadas, não pertencem às espécies indicadas para o terreno em causa – “Esta não é uma situação que se resolve apenas com esta plantação que a Câmara fez na quarta feira e que é apenas uma linha junto ao talude e depois uma segunda linha que segundo o comunicado de imprensa tem sobreiros que não são espécies características da galeria ripícola que deveriam ser as espécies plantadas e estimuladas nesta área”.
“Segundo a APA, a Agência Portuguesa do Ambiente, que tutela intervenções neste tipo de ecossistemas as normas legais dizem que o corredor ripícola tem que ter uma largura de 30 metros ao longo do rio. E as intervenções que nós vamos procurar fazer aqui é neste corredor de 30 metros plantar espécies características dos ecossistemas ripícolas como são o choco, como são os amieros, os salgueiros, os sabugueiros, os freixos”, explicou Francisco Norega.
Um residente na área avançou ao Notícias de Coimbra que depois de algumas tentativas de contacto com a APA sobre as intervenções em curso pela CMC naquele território recebeu a resposta de que até ao primeiro dia deste mês a Agência Portuguesa do Ambiente não tinha conhecimento sobre as ações ali a ser desenvolvidas “No dia 1 de Abril a APA respondeu dizendo que não tinha conhecimento da intervenção que se estava a dar nesta margem do Mondego, não tinha conhecimento das intenções da Câmara Municipal de Coimbra e que iria averiguar junto da Câmara Municipal o que é que se estava a passar, quais eras as intenções e quais são os projetos para esta zona”, acrescentou Francisco Oliveira.
Também a Quercus já tinha alertado para a “necessidade de replantar vegetação ripícola entre o Rebolim e a Portela”, como o Notícias de Coimbra noticiou.
Os elementos da PSP presentes no local não quiseram prestar declarações sobre a operação.
Pode ainda ver os vídeos dos diretos NDC aqui:
Notícias de Coimbra revelou no dia 5 de março quue têm decorrido nos últimos meses várias reuniões entre a Câmara de Coimbra, a Federação Portuguesa de Golfe e a academia de golfe Quinta das Lágrimas com vista à criação de um campo de golfe entre a ponte da Portela e a praia fluvial do Rebolim, por sugestão da Câmara, após alguns pareceres para a sua localização.
O vice-presidente da Câmara de Coimbra, Carlos Cidade, confirmou no dia 22 de maço que tem mantido contactos com a Federação Portuguesa de Golfe (FPG) para a construção de um campo junto ao rio Mondego.
Depois de o presidente da Câmara, o socialista Manuel Machado, ter afirmado que, nos serviços da autarquia, “não deu entrada nenhum projeto” com esse objetivo e que apenas sabe o que leu na imprensa sobre o assunto, Carlos Cidade disse que “não há nada de novo”.
No início dessa reunião quinzenal do executivo municipal, os dois autarcas do PS respondiam ao vereador da CDU, Francisco Queirós, que questionou a falta de informação sobre o processo e a prevista localização do futuro campo de golfe, na margem direita do Mondego, entre a ponte da Portela e a praia fluvial do Rebolim, a montante da captação de água da Boavista.
“É uma aspiração de décadas de muitos conimbricenses”, salientou Carlos Cidade, assumindo que, com esse propósito, tem participado em reuniões com a FPG e a academia de golfe Quinta das Lágrimas, uma valência do complexo turístico e hoteleiro da família do advogado e empresário José Miguel Júdice.
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