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PSD: Rui Rio e Luís Montenegro disputam inédita 2.ª volta com polémica sobre “tachos” na reta final

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 17-01-2020

O presidente do PSD, Rui Rio, e o antigo líder parlamentar Luís Montenegro voltam a ir a votos no sábado em eleições diretas para escolher o próximo líder, numa inédita segunda volta em que o tom da campanha endureceu.

Na primeira volta, Rui Rio foi o candidato mais votado com 49,02% dos votos expressos, seguido do antigo líder parlamentar do PSD, que obteve 41,42% do total. O vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais Miguel Pinto Luz ficou em terceiro, com 9,55%, e fora da segunda volta.

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Nesta última semana, as ‘transferências’ dos apoiantes de Pinto Luz para os dois candidatos mais votados e as acusações mútuas de troca de apoios por lugares marcaram a campanha.

Os antigos secretários-gerais do PSD Miguel Relvas e Matos Rosa, o antigo vice-presidente Marco António Costa, os líderes das distritais de Lisboa e de Setúbal, Ângelo Pereira e Bruno Vitorino, o vice-presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, o deputado e presidente da distrital da JSD de Lisboa, Alexandre Poço, ou o presidente da concelhia do Porto, Hugo Neto, foram alguns ex-apoiantes do autarca de Cascais que anunciaram o seu voto em Montenegro na segunda volta.

Os deputados Carlos Silva e Sandra Pereira, que apoiaram Miguel Pinto Luz na primeira volta, também declararam apoio a Luís Montenegro.

Em sentido contrário, o ex-ministro Mira Amaral, o cientista Carvalho Rodrigues e os deputados Ana Miguel Santos e Nuno Carvalho (que foram cabeças de lista nas últimas legislativas em Aveiro e Setúbal, respetivamente) passaram do apoio a Pinto Luz para a declaração de voto no atual presidente e recandidato, Rui Rio.

No total do país, Rio teve mais 2.409 votos que Montenegro, mas os dois candidatos menos votados somaram, em conjunto, mais 621 votos do que o atual presidente.

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Mas o que ‘aqueceu’ esta semana extra de campanha foram as trocas de acusações de que as candidaturas andariam a oferecer lugares em troca de apoios e votos, negadas por ambos e sem nomes em cima da mesa.

No discurso da madrugada eleitoral de domingo, Rio disse que todos os seus votos tinham sido “por convicção” e assegurou que não tinha oferecido nem iria oferecer quaisquer lugares, no que foi lido por Montenegro como uma insinuação sobre a sua candidatura.

Dois dias depois, o antigo líder parlamentar fez questão de negar “solenemente” tal prática e devolver a acusação à direção de Rui Rio, mas sem apontar nomes.

“Eu acho de todo impossível que isso esteja a acontecer sendo que eu ouço histórias do lado de lá ao contrário, até ouço histórias esquisitas que nem vou aqui dizer”, respondeu Rio.

“Eu quero dizer-lhe olhos nos olhos: não aceito lições de seriedade do dr. Rui Rio, ele não é mais sério do que eu”, retorquiu Montenegro, dizendo nada ter a oferecer aos apoiantes a não ser “esperança e mudança”.

Nesta última semana, os dois candidatos tiveram apenas ações cirúrgicas de campanha: ambos em Lisboa – que tinha sido ganha pelo candidato que não passou à segunda volta. Rio esteve também em Braga, onde perdeu, e Montenegro, em Santarém, distrito onde saiu derrotado por pouco na primeira volta.

Como últimas mensagens políticas, Rio pediu uma vitória folgada, dizendo temer que se “o resultado for do tipo 51-49” a oposição interna volte “a infernizar vida do líder, a infernizar a direção nacional”.

Já Montenegro avisou que no sábado será “a última oportunidade” para os que querem um PSD diferente, afirmando que o atual líder já disse que “deixará tudo na mesma”.

A polémica com o PSD-Madeira – todos os votos da primeira volta na Região Autónoma foram considerados nulos pelo Conselho de Jurisdição Nacional (CJN) por discrepâncias com o caderno eleitoral oficial – vai manter-se, tendo a estrutura regional decidido que não vai abrir as sedes para a segunda volta, considerando que isso seria uma “humilhação” para os militantes sociais-democratas do arquipélago.

A ‘chave’ do resultado eleitoral voltará a estar, como habitualmente, nas quatro maiores distritais do PSD: Porto, Lisboa, Braga e Aveiro registam, por esta ordem, o maior número de militantes em condições de votar, centralizando mais de 57% do total.

No passado sábado, Rui Rio ganhou em 13 distritos ou estruturas, incluindo duas das maiores: Porto, Aveiro, Bragança, Guarda, Viana do Castelo, Vila Real, Santarém, Faro, Beja, Portalegre, Évora, Açores e Europa.

Já Luís Montenegro venceu em seis: além da poderosa distrital de Braga, venceu em Leiria, Viseu, Coimbra, Castelo Branco, Lisboa Área Oeste.

Pinto Luz saiu vencedor na Área Metropolitana de Lisboa (com Montenegro em segundo) e em Setúbal, reclamando também vitória na Madeira, mas os votos da Região Autónoma não foram contabilizados.

Já no círculo Fora da Europa os quatro militantes que votaram repartiram-se igualmente por Rio e Montenegro, registando-se um empate.

Para o resultado de sábado, contará também o número de votantes, que no sábado foram 32.082, num universo de 40.604 inscritos, uma taxa de participação de 79%, a mais alta de sempre em percentagem em diretas, apesar de ser a mais baixa em números absolutos de todas as eleições do PSD em que houve disputa.

Em 2018, Rui Rio derrotou Santana Lopes com 54,15% dos votos (22.728).

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