CHUC
PSD pede explicações sobre doentes de Psiquiatria no CHUC
O grupo parlamentar do PSD pediu explicações ao Governo sobre as condições de internamento de doentes com problemas psiquiátricos graves no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), foi hoje anunciado.
A iniciativa dos sociais-democratas surge depois da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) ter denunciado, na segunda-feira, o que diz ser a “realidade desumana” dos doentes de psiquiatria do CHUC ao nível da higiene e alimentação por falta de condições de internamento.
Numa ação parlamentar, a que a agência Lusa teve hoje acesso, os deputados Adão Silva, Ricardo Baptista Leite, Fátima Ramos e Luís Vales questionaram, por escrito, a ministra da Saúde sobre “desde quando se verifica e se tem o Governo conhecimento” da situação.
“Que medidas tomou já o Governo para assegurar adequadas condições de internamento e de alimentação aos referidos doentes?”, pergunta o PSD, que pretende ainda saber “com que data ou datas se compromete o Governo, nos três meses que restam para o termo da atual Legislatura, para a efetividade das medidas eventualmente já tomadas para assegurar condições mínimas de dignidade para os doentes em questão”.
Em nota enviada à agência Lusa na segunda-feira, Carlos Cortes, presidente da SRCOM, acusou o CHUC de desvalorizar a saúde mental, argumentando que os doentes “passam vários dias na urgência” por não existirem condições de internamento e que “apenas comem bolachas, sopa e leite ou sumos”.
“Há inclusivamente doentes com critérios para internamento compulsivo e que permanecem vários dias no serviço de urgência” e outros, internados noutras enfermarias, “sem os devidos cuidados especializados”.
Os doentes “passam dias a fio com dificuldades em satisfazer as suas necessidades básicas de higiene e alimentação, já que não existem condições para os internar”.
A denúncia tem por base um documento, dirigido, “face à gravidade da situação”, à administração do CHUC, por cerca de 40 médicos do serviço de Psiquiatria, onde são enunciadas “as carências e as deficiências” existentes, nomeadamente relacionadas com a falta de vagas de internamento e com o perigo que aqueles doentes correm na urgência, onde ficam “mais vulneráveis” e desenvolvem complicações orgânicas com infeções hospitalares.
No entender do PSD, “esta é uma situação que, além de lamentável, se torna totalmente inaceitável na medida em que põe em causa a dignidade e a assistência aos referidos doentes, assim como a qualidade dos cuidados de saúde especializados que lhes são prestados”.
O presidente do Conselho de Administração do CHUC refutou as acusações da Ordem dos Médicos do Centro e de psiquiatras da instituição sobre a existência de doentes psiquiátricos maltratados.
Em declarações à agência Lusa, Fernando Regateiro rejeitou as críticas e frisou que “só muito excecionalmente” os doentes ficam mais de 24 horas no serviço de urgência e que essas situações, “raras e excecionais, são menos do que os dedos de uma mão”.
“Essas descrições [dos críticos] não correspondem à realidade”, assegurou Fernando Regateiro, adiantando que quem está no serviço de urgência “é porque tem de lá estar”.
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