Coimbra
Projeto europeu utiliza a rádio para formar e dar voz a jovens
Um projeto europeu pretende usar a rádio como um método não convencional de aprendizagem, dando ferramentas de inclusão e competências que possam potenciar a empregabilidade de jovens no Bairro da Rosa, em Coimbra.
Numa pequena sala da Associação Trampolim, sediada no Bairro da Rosa, está um gravador portátil, três microfones, um computador, uma mesa de mistura e uma máquina fotográfica – o suficiente para se fazer rádio.
Lá dentro, alguns jovens editavam e preparavam a segunda emissão de rádio do projeto de Coimbra, que começou em 2013 e que é parte integrante do programa europeu “RadioActive 101”, também presente em duas associações do Porto e em cidades de outros cinco países europeus.
O projeto surgiu em Portugal a partir de uma parceria que envolve o Centro de Investigação Media e Jornalismo e a equipa europeia do “RadioActive 101”, explicou à agência Lusa Sílvio Santos, professor de Jornalismo na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e coordenador do projeto na associação.
A escolha da rádio “não foi por acaso”. Apesar de pouco evidente, por haver “estudos que mostram que muitos jovens se afastam da rádio”, Sílvio Santos considerou que este meio de comunicação “tem muitas virtudes”.
A “dimensão de intimidade que ressalta” na rádio e a possibilidade de se trabalhar determinadas competências “ao nível da comunicação, de ‘software’ e da escrita”, acaba por ser uma associação “muito feliz”, quando conjugada e “facilitada” com a ‘web’, onde são disponibilizados os ‘podcasts’, no site pt.radioactive101.eu.
Segundo Sílvio Santos, a iniciativa deseja que “a rádio se venha a inserir na comunidade”, querendo que os jovens falem “de questões do bairro e das coisas que lhes são mais próximas”.
O projeto, que tem um grupo fixo de cerca de seis participantes, com idades entre os 12 e os 23 anos, e outros “15 elementos que vão passando” pela sala de rádio, “é desafiante, porque a maior parte dos participantes não tinha qualquer afinidade com a rádio”.
Sílvio Santos relembrou que a iniciativa tem o objetivo de “formação em cascata”, para que os participantes possam dar formação a outros jovens, não querendo que a iniciativa termine quando acabar o período de intervenção, no final de 2014.
O “RadioActive 101” teve uma primeira fase, em Coimbra, com ‘workshops’ ligados à rádio, mas rapidamente passou para “o terreno”, gravando o seu primeiro programa, no café Santa Cruz, “com convidados, música ao vivo”, uma “emissão de rádio a sério”, que se transformou numa prova de fogo superada.
Henrique Barbosa, de 22 anos, assumiu a locução nessa emissão, recordando-se da pressão de não poder falhar, “porque era gravado ao vivo e com montes de gente a olhar”.
O jovem disse à agência Lusa que aprendeu “muita coisa” no decorrer das formações, quer ao nível da edição de som quer na voz, afirmando que a experiência é “extremamente importante para a própria comunidade”.
Henrique não sabe se tem o bichinho da rádio ou não, mas que, “se sentia alguma coisa por rádio”, passou a sentir ainda mais, piscando o olho à possibilidade de um dia ser locutor de rádio, caso lhe dessem tal oportunidade.
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