Região

Professora promove investigação sobre o Fado Mandado da região da Lousã

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 15-11-2022

Marisa Barroso, professora da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria, está a promover uma investigação sobre o Fado Mandado da Lousã, através do projeto “De volta aos Bailes Mandados em Portugal”, da Associação PédeXumbo – Associação para a Promoção da Música e da Dança, que foi um dos dez vencedores da 4.ª edição do programa “Tradições”, da responsabilidade da EDP.

PUBLICIDADE

publicidade

Depois de um período de investigação junto da comunidade local, foi desenvolvido um conjunto de várias oficinas de dança sobre o Fado Mandado da região da Lousã, com a última sessão a realizar-se na próxima sexta-feira, dia 18 de novembro, pelas 21 horas, no Lagar Mirita Sales, na Lousã. As inscrições podem ser feitas pelo site da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, no separador dos curso na secção da formação continua (https://www.ipleiria.pt/esecs/formacao-continua/).

PUBLICIDADE

A oficina é aberta a toda a comunidade, com o bónus para os professores, por ser uma ação de curta duração, no âmbito da formação contínua para efeitos da progressão na carreira dos docentes. Do programa fazem parte a apresentação dos vídeos e imagens realizados ao longo do projeto, conversa sobre o processo e o papel de mandar os bailes, momento de dança com o Fado Mandado e outras danças, e convívio com o Grupo Etnográfico da região da Lousã.

O Fado é conhecido pela música, no entanto, existe uma forte ligação entre o Fado e a Dança no contexto bailatório. Marisa Barroso já analisou vários fados através de outros projetos que coordena, como é o caso da salvaguarda ativa das danças tradicionais e populares portuguesas, onde realizou o estudo sobre as Danças de Porto de Mós. Paulatinamente o Fado Dançado pode ser compreendido e as suas caraterísticas sistematizadas.

Numa pequena análise entre os Fados de Porto de Mós e o Fado Mandado da região da Lousã, Marisa Barroso conclui que «o Fado Mandado da região da Lousã tem um andamento lento e uniforme no que respeita à execução do passo utilizado. O Fado da zona de Porto de Mós ou apresenta um andamento que vai aumentado progressivamente ao longo da dança, ficando cada vez mais rápido (como o Fado do Rancho da Cabeça Veada), ou apresenta dois andamentos, um muito lento e outro muito rápido (como o Fadinho do Rancho de Mira D’Aire)».

O projeto “De volta aos Bailes Mandados em Portugal” tem como objetivo promover momentos de partilha entre bailadores e mandadores de diferentes danças mandadas, em três regiões de Portugal (norte, centro e sul), no sentido de resgatar esta prática informal em bailes e promover a sua valorização. Este projeto visa ainda a valorização do papel dos mandadores e a importância de formar novos mandadores nas diferentes comunidades.

Ao longo de dois anos este projeto teve momentos de partilha entre bailadores e mandadores de diferentes danças mandadas em três regiões de formadoras em Portugal: Sines e Reguengos de Monsaraz no Alentejo, Ponte da Barca no Norte e Lousã no Centro. As formadoras Ana Silvestre, Mercedes Prieto e Marisa Barroso estão dedicadas às práticas coreográficas integradas no projeto: Baile da Pinha/Contradança em Reguengos de Monsaraz; Fado Mandado, na Lousã; Vira/Chula/Malhão mandados, em Ponte da Barca; e Valsa Mandada, em Sines.

Cada formadora/investigadora esteve focada na prática coreográfica de cada concelho, a revê-la, a ensiná-la, a adaptá-la e a motivar o aparecimento de novos mandadores, capacitando as comunidades para dinamizarem bailes no futuro e outras atividades em torno deste tipo de dança.

O projeto promoveu o convívio com as comunidades e associações locais, a participação na vida cultural dos concelhos e ainda a procura de testemunhos e fontes (escritas, audiovisuais ou fotográficas) que permitam documentar estas danças.

«O futuro dos bailes mandados é voltar aos terreiros e garantir que se ouve sempre mais a voz do povo, contrariando a monopolização imposta pelos seus representantes, políticos ou outros», indica Sophie Coquelin, coordenadora científica do projeto.

Related Images:

PUBLICIDADE

publicidade

PUBLICIDADE