Educação

Professor da Universidade de Coimbra colabora em livro da Columbia University Press

Notícias de Coimbra | 1 hora atrás em 07-04-2025

Gonçalo D. Santos, docente do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e investigador do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS), integra livro sobre transformações morais na China, publicado pela editora académica Columbia University Press.

Este volume é a primeira grande publicação coletiva do Grupo de Investigação “Cultura e Sociedade”, da Iniciativa para Diálogo EUA-China sobre Questões Globais da Georgetown University, na cidade de Washington. Este grupo de trabalho é coordenado por Becky Hsu (Georgetown University) e Teresa Kuan (Chinese University of Hong Kong), reunindo outros antropólogos e sociólogos especializados em estudos chineses, entre os quais Yunxiang Yan (University of California, Los Angeles), Richard Madsen (University of California, San Diego), e Gonçalo D. Santos.  

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«O nosso objetivo é organizar eventos e produzir publicações que contribuam para um entendimento mais aprofundado e mais humanizado da sociedade chinesa, muito além dos discursos monolíticos sobre a China que marcam a imprensa internacional», explica o sinólogo.

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Nesse sentido, «temos vindo a analisar as grandes transformações morais da sociedade chinesa, propondo abordagens mais intimistas que nos transportam diretamente para as experiências da vida quotidiana, mostrando como as pessoas comuns estão a lidar com os desafios de uma sociedade cada vez mais globalizada e com mudanças sociais e tecnológicas profundas», revela. 

Esta primeira publicação coletiva, editada por Becky Hsu e intitulada “The Extraordinary in the Mundane. Family and Forms of Community in China”, inclui capítulos sobre temáticas extremamente atuais, como lutas sociais pelos direitos da comunidade LGBTQ ou de crianças neurodivergentes, a crescente visibilidade de transtornos mentais e psicológicos na sociedade, ou o problema crescente da dependência da Internet entre adolescentes. 

O capítulo de Gonçalo D. Santos debruça-se sobre as guerras culturais do parto na China e a forma como as mulheres estão a enfrentar os desafios práticos e morais levantados pela hiper-medicalização do parto e a rotinização do parto por cesariana. 

De acordo com o antropólogo, a medicalização do parto nas últimas quatro décadas contribuiu para reduzir a mortalidade maternal e infantil no momento do nascimento, mas também gerou um modelo de parto excessivamente medicalizado que tem implicações negativas para o bem-estar das mulheres parturientes e que está a criar divisões morais profundas na sociedade. 

«Estas tensões são bastante comuns em países onde o parto se encontra altamente medicalizado, mas a situação na China tem as suas particularidades, e uma delas é a forma como a relação entre o médico e a grávida faz parte de um triângulo ético-jurídico que inclui também a família da mulher grávida», esclarece, realçando que a família da gestante, na China, é definida como uma parte fundamental do bem-estar da mulher durante o parto e é por isso que os médicos têm de obter o consentimento escrito da família antes de poderem avançar com uma cesariana. 

«Este papel central da família na relação médico-paciente tem implicações práticas para o bem-estar das mulheres chinesas durante o parto e torna particularmente importante o estudo das tensões morais dentro de famílias e entre mulheres de diferentes gerações em relação ao cuidado no parto e quais as tecnologias e abordagens que devem ser favorecidas», considera o especialista. 

Segundo Gonçalo D. Santos, para se construir um modelo mais humanizado do parto nos hospitais e se promover o bem-estar das mulheres gestantes não basta fazer estudos quantitativos de práticas hospitalares, «é necessário desenvolver abordagens etnográficas qualitativas capazes de iluminar as tensões morais que moldam as práticas de cuidado nos hospitais». 

Este capítulo do antropólogo da FCTUC é uma contribuição para o estudo qualitativo destas tensões morais no contexto chinês, mostrando, de forma mais ampla, como a família deve ser considerada um elemento fundamental do bem-estar da mulher durante o parto, não apenas na China.

O livro pode ser adquirido no site da editora Columbia University Press. Mais informações sobre as atividades do Grupo de Investigação “Cultura e Sociedade” da Iniciativa para Diálogo EUA-China sobre Questões Globais da Georgetown University podem ser encontradas no site desta iniciativa.  

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