Justiça

Prisões carecem de medidas para evitar radicalização de reclusos

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 08-06-2018

 As prisões portuguesas carecem de medidas que previnam a radicalização dos reclusos, segundo um estudo europeu apresentado hoje, em Coimbra, pela Associação Portuguesa Conversas de Psicologia.

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“Não está a ser feita uma intervenção para prevenir a radicalização em contexto prisional”, afirmou a investigadora Sónia Mairos Ferreira, responsável pela equipa nacional que participou, nos últimos oito meses, no desenvolvimento do projeto FAIR – Fighting Against Inmates’ Radicalization.

Esta é “a primeira grande conclusão” do projeto, que envolve instituições de nove países da União Europeia (UE): Finlândia, Itália, Holanda, Malta, Hungria, Roménia, Eslovénia, Lituânia e Portugal.

Na apresentação do FAIR, a investigadora e docente da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra disse que os guardas prisionais e outros profissionais do setor inquiridos sob anonimato, em Portugal, admitem que “não há vontade de se fazer” prevenção da radicalização e que “é um tema abafado”.

“Os profissionais querem prevenção específica sobre esta temática”, salientou Sónia Mairos Ferreira, ao explicar que o projeto internacional, financiado pela Comissão Europeia, “visa a prevenção e o combate da radicalização” nas cadeias da UE, designadamente ao nível religioso e político.

Com uma duração de dois anos, o projeto visa, segundo o presidente da Associação Portuguesa Conversas de Psicologia, Vítor Nuno Anjos, “prevenir a radicalização violenta de reclusos”, “promover a desradicalização” e “facilitar a reintegração na sociedade”.

Em Portugal, de acordo com o estudo, existe em geral “uma preocupação moderada relativamente às diferentes manifestações de extremismo”, embora seja mais evidente, entre os profissionais, a preocupação “em relação a extremismo de extrema-direita”.

“Ausência de informação específica sobre radicalização” é uma das principais tendências demonstradas nos “resultados do estudo junto de profissionais que trabalham em prisões” nacionais.

Sónia Mairos Ferreira e José Pedro Machado, responsáveis pela realização do estudo em Portugal, afirmaram que não são conhecidos “indicadores, fatores de risco e fatores preventivos” da eventual radicalização de reclusos.

Em geral, os 24 profissionais portugueses que participaram no estudo, entre 170 operacionais prisionais de nove países, reclamam “estratégias e programas de intervenção” para prevenir e combater a radicalização.

Ao todo, a investigação recolheu igualmente os testemunhos de 50 reclusos e 162 “stakeholders” das prisões europeias.

Sónia Mairos Ferreira e José Pedro Machado revelaram que a Direção-Geral dos Serviços Prisionais (DGSP) “não autorizou o acesso” dos investigadores às cadeias.

“Todas as entrevistas foram feitas fora das prisões”, tendo a DGSP alegado que “já está a fazer a intervenção” para prevenir a radicalização violenta dos reclusos, acrescentaram.

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