Educação

Prisão Académica escondida na biblioteca da Universidade de Coimbra (a mais famosa de Portugal)

Notícias de Coimbra | 3 dias atrás em 31-12-2024

Na biblioteca da Universidade de Coimbra, é possível encontrar e visitar uma prisão académica destinada a acolher os alunos mal comportados.

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As pessoas associam uma Universidade a um espaço dedicado ao estudo. Por isso, estranham quando uma prisão é associada a uma universidade. Na cidade dos estudantes, podemos encontrar um espaço desses, o que se revela algo inesperado.

A instituição Universidade de Coimbra tem uma reputação de excelência, construída ao longo de séculos. Esta é a universidade mais antiga do país. No conjunto arquitetónico desta universidade, existem várias construções emblemáticas.

A biblioteca joanina é seguramente uma das atrações da cidade universitária. Na biblioteca da Universidade de Coimbra, é possível encontrar e visitar uma prisão académica destinada a acolher os alunos mal comportados.

A Universidade de Coimbra é reconhecida como a mais antiga de Portugal. Em 2013, esta Universidade foi considerada pela UNESCO Património Mundial da Humanidade, o que diz bem sobre a sua importância história.

Coimbra é hoje apelidada de cidade dos estudantes devido à presença desta instituição. Contudo, a Universidade nem sempre esteve nesta cidade. A Universidade de Coimbra foi fundada por D. Dinis em 1290, em Lisboa. Contudo, ela realizou um verdadeiro percurso itinerante entre Lisboa e a urbe do Mondego durante quase três séculos.

A Universidade é transferida para Coimbra, passando a ocupar os edifícios do Paço Real.

Pouco tempo após a Universidade se ter instalado definitivamente em Coimbra, o que aconteceu no ano de 1537, o Paço das Escolas aglutinou todas as Faculdades da Universidade de Coimbra. Esse momento ocorreu em 1544, mais precisamente.

Na cidade de Coimbra, referente a este período histórico, os Estudos Gerais (que, posteriormente, passaram a ser designados Universidade) funcionaram no edifício que era chamado de Estudos Velhos.
O seu funcionamento era realizado num espaço onde atualmente se encontra a Biblioteca Geral. Mais tarde, eles distribuíram-se por vários locais, nomeadamente nos edifícios próximos do Mosteiro de Santa Cruz e do próprio Paço das Escolas.

Desde o ano de 1309 que a Universidade de Coimbra usufrui de uma autonomia jurídica que lhe permite apresentar alguns privilégios. O objetivo do Foro Académico (que é o nome dessa regalia jurídica que a universidade apresentava) era permitir aos seus dirigentes uma manutenção da disciplina e da ordem. Com esta autonomia, a organização da instituição ficava facilitada, permitindo uma supervisão mais eficaz e um funcionamento mais adequado.

Muitos portugueses desconhecem que esta reputada instituição gozou de um privilégio incomum: podia deter e julgar pessoas que cometessem delitos na sua área de jurisdição. O privilégio desta Universidade permitia que a Instituição fizesse detenções não apenas de estudantes, mas também de funcionários, lentes da instituição (professores) ou familiares que pudessem visitar este espaço, entre outras pessoas.

A Prisão Académica permitia deter os estudantes prevaricadores através do corpo policial local. As mulheres consideradas escandalosas ou de mau exemplo também podiam ser detidas.

Foi no ano de 1593 que a prisão desta universidade foi instalada. Foi debaixo da sala do trono (atualmente, Sala dos Grandes Atos) que foi feita a instalação da Prisão Académica.

A cadeia foi transferida para os pisos inferiores da Biblioteca Joanina, para o piso inferior do edifício após a reforma pombalina, em 1773. Durante as obras de construção encontraram vestígios do cárcere medieval.

A prisão académica apresentava celas comuns. Neste local, também havia sala de visitas e ainda duas celas solitárias. Estas celas foram apelidadas de “Segredos”. Nas celas solitárias, eram colocados os prisioneiros que não apresentavam condições para serem colocados na cela comum.

Podemos verificar a presença de uma escada em espiral no corredor entre os “Segredos” e a cela comum. Esta escada daria acesso à antiga casa da Guarda Real Académica, no Piso Intermédio.

A Universidade de Coimbra podia assim atuar perante determinadas ações menos nobres. Contudo, entre os principais crimes puníveis, encontravam-se o roubo de livros da biblioteca. O espólio diversificado da Universidade consiste num património equivalente a um verdadeiro tesouro. Portanto, havia que proteger essa riqueza.

Determinados desvios comportamentais também eram punidos, nomeadamente ser apanhado a copiar num exame, faltar às aulas ou até adormecer. Os crimes de índole política cometidos por professores ou funcionários ou as ações que demonstrassem uma visão ideológica ou religiosa contrária aos valores da Instituição também poderiam ser punidos com prisão.

A pessoa detida podia ficar encarcerada por um tempo que podia variar consoante a severidade do delito e dos antecedentes do detido. O tempo de permanência no cárcere tanto podia ser de meras horas, como podia alargar-se por um máximo de 6 meses.

Alguns dos estudantes que se encontravam detidos não deixavam de ir às aulas. De manhã, eram acompanhados pela Guarda Real Académica para realizarem a sua aprendizagem. Posteriormente, ao final do dia, faziam o percurso inverso e regressavam à prisão.

A Prisão Académica é a única cadeia medieval existente no nosso país, tendo chegado até à atualidade uma parte significativa da sua constituição original.

É possível realizar uma visita à Prisão Académica. O bilhete pode ser comprado na Loja UC, situada na Biblioteca Geral, no Largo da Porta Férrea.

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