Portugal

Presidente do PS defende reforço do apoio de Portugal a Cabo Verde

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 anos atrás em 08-04-2022

O presidente do Partido Socialista (PS), Carlos César, defendeu hoje, na Praia, um reforço da cooperação com Cabo Verde, nomeadamente face à crise económica provocada pela escalada de preços após a guerra na Ucrânia.

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“Do ponto de vista do Partido Socialista, o estímulo é de que o Governo português reforce e aprofunde essa cooperação”, afirmou o líder dos socialistas portugueses, questionado pela Lusa no Palácio Presidencial, na Praia, após a visita de Carlos César ao chefe de Estado cabo-verdiano, José Maria Neves.

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“Do ponto de vista das relações bilaterais essa disponibilidade é elevada. Penso que Portugal já tomou algumas decisões no âmbito da dívida pública cabo-verdiana, designadamente moratórias, e penso que esta relação privilegiada nos permite aprofundar e ir além daquilo que já fomos até agora”, acrescentou.

O Governo cabo-verdiano apelou na terça-feira à mobilização de apoio orçamental internacional face ao “cenário desastroso” nas contas públicas provocado pela guerra na Ucrânia, estimando em 40 milhões de euros o impacto para conter a escalada de preços.

“É um cenário desastroso. É um cenário diria mesmo dramático, mas todos em conjunto seremos capazes de o resolver”, afirmou o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, ao apresentar ao corpo diplomático acreditado no país a situação macroeconómica para 2022, após as consequências da guerra na Ucrânia, nomeadamente a necessidade de intervenção do Estado para estabilizar os preços da energia e alimentos.

Cabo Verde não possui capacidade de refinação e importa todos os produtos petrolíferos de que necessita – cerca de 80% da produção de eletricidade é garantida por centrais gasóleo ou fuelóleo -, bem como 80% dos alimentos, devido à seca que o arquipélago vive há mais de três anos.

Portugal é um dos vários países que fornece ajuda orçamental a Cabo Verde, entre outro apoio, como a concessão de moratórias ao serviço da dívida cabo-verdiana, em 2020 e 2021, devido às consequências da pandemia de covid-19.

Carlos César, que iniciou hoje uma visita de três dias à Praia, onde participa no congresso do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição desde 2016), afirmou que os dois países podem reforçar as relações e “consolidar as áreas em que essa cooperação bilateral pode e deve ser aprofundada”.

“Temos quase 40 mil cabo verdianos em Portugal, muitos portugueses aqui em Cabo Verde e, portanto, tudo isso se conjuga, para além da nossa história passada comum, para que a relação entre Cabo Verde e Portugal seja sempre uma relação privilegiada”, disse.

Afirmou que Portugal também tem “obrigações” e que o primeiro-ministro, António Costa, “tem desenvolvido e intensificado essa cooperação” com Cabo Verde.

“Cabo Verde e Portugal são países irmãos, conviveram ao longo dos séculos, ainda que de outra forma, mas hoje também partilham o seu desejo de construir sociedades prósperas mais justas e baseadas na Democracia, democracia esta que tem tido em Cabo Verde um exercício que marca o prestígio que hoje Cabo Verde tem no plano externo”, disse ainda Carlos César, à saída do encontro com José Maria Neves.

“Sendo países cooperantes ou da comunidade internacional em geral, reconhecem que Cabo Verde é um país com uma vida democrática sã e com probabilidades elevadas de melhorar a sua condição económica e a sua condição social”, acrescentou.

José Maria Neves foi eleito em outubro passado Presidente da República de Cabo Verde, depois de ter exercido o cargo de primeiro-ministro, de 2001 a 2016, pelo PAICV.

“Tive muita satisfação neste encontro na medida em que foi uma oportunidade de felicitar o Presidente da República pela sua recente eleição. É uma pessoa com quem também do ponto de vista pessoal já tenho uma longa relação, desde que como presidente do Governo Regional dos Açores trabalhei com ele quando era primeiro-ministro durante muitos anos, aprofundando esta relação entre Cabo Verde e Portugal”, recordou Carlos César.

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