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Presidente do Brasil criticado por fotografia com alusão a morte e milícias criminosas

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 26-04-2021

Políticos de oposição ao Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, criticaram duramente o chefe de Estado por, no momento mais crítico da pandemia, ter posado ao lado de um polémico cartaz que, alegadamente, faz alusão aos assassinatos cometidos por milícias.

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Em causa está uma fotografia em que Bolsonaro, ao lado do apresentador de televisão brasileiro Sikêra Junior e de membros do Governo, segura uma réplica de um Cadastro de Pessoa Física (CPF, que equivale ao Número de Identificação Fiscal em Portugal), na qual está escrito “cancelado”.

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Normalmente, quando um cidadão morre o CPF é cancelado. A expressão “CPF cancelado” é também usada por polícias e grupos de extermínio em referência a alguém que foi assassinado, geralmente por milícias ou fações criminosas, segundo vários parlamentares e a imprensa local.

A gíria é frequentemente utilizada pelo apresentador Sikêra Júnior em referência à morte de criminosos.

A fotografia em causa foi amplamente difundida por vários políticos da oposição de Bolsonaro, que nas redes sociais acusaram o mandatário de não respeitar o facto de que milhares de brasileiros morrerem no Brasil devido à covid-19, além de criticarem o cunho violento do cartaz.

“‘CPF cancelado’ é uma gíria usada por milícias e grupos de extermínio para comemorar mortes. Bolsonaro não é Presidente da República. É um miliciano”, acusou, na rede social Twitter, Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e ex-candidato à Presidência do Brasil.

“É muito mais grave do que parece. Bolsonaro não apenas ironiza mortes. A placa ‘CPF Cancelado’ é usada por grupos pró-violência e extermínio policial. Ou seja: Bolsonaro defende publicamente essas práticas. Desde que os criminosos não sejam seus queridos filhos. Que roubam os cofres públicos há anos. Para esses, nem a lei, nem a investigação e nem o fuzil”, escreveu, por sua vez, a deputada federal Jandira Feghali.

Já o deputado federal Marcelo Freixo, que chegou a presidir uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre milícias no Rio de Janeiro, classificou como “podridão” a “piada com CPF cancelado” feita pelo Presidente, no momento em que 390 mil brasileiros morreram devido à covid-19.

“O que tem que ser cancelado é o mandato de Bolsonaro. O Congresso não pode continuar omisso diante de tantos crimes. É preciso abrir o processo de ‘impeachment’ [destituição] imediatamente”, defendeu ainda Freixo no Twitter.

“Foto oficial do Palácio do Planalto. Sabe o que significa CPF cancelado? Titular falecido. É assim que Bolsonaro ri das quase 400 mil vidas perdidas por covid-19 no país. Desprezo sem tamanho por um Brasil em luto. O lugar dessa extrema-direita é agora e no lixo da história”, avaliou, por sua vez, a deputada federal Fernanda Melchionna.

A polémica fotografia foi publicada no perfil oficial do próprio Palácio do Planalto na rede Flickr e tornou-se pública após a visita de Bolsonaro a Manaus, na última sexta-feira.

Hoje, após ser indagado sobre a fotografia, Bolsonaro irritou-se com a jornalista que colocou a questão e chamou-a de “idiota”.

“Você não tem o que perguntar não? Deixa de ser idiota, menina!”, disse Bolsonaro, dirigindo-se à jornalista Driele Veiga, da TV Aratu, durante uma visita à Bahia, onde o chefe de Estado causou aglomerações e circulou sem máscara.

O Brasil enfrenta atualmente a pior fase da pandemia, com escassez de medicamentos, oxigénio e hospitais em colapso, e totaliza 390.797 mortes no país e 14.340.787 infetados.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.109.991 mortos no mundo, resultantes de mais de 147 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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