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Presidente da Ucrânia admitiu hoje corte das relações diplomáticas com a Rússia
O Presidente ucraniano alertou hoje que o reconhecimento da independência de regiões separatistas no leste da Ucrânia pela Rússia visa criar uma base legal para uma nova agressão e exigiu a suspensão imediata do gasoduto russo-alemão.
“Com esta decisão, a Federação Russa cria uma base legal para uma nova agressão armada contra o Estado da Ucrânia”, disse Volodymyr Zelensky em Kiev, durante uma conferência de imprensa conjunta com o Presidente da Estónia, Alar Karis.
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O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou, na segunda-feira à noite, um decreto que reconhece as regiões separatistas de Lugansk e de Donetsk, no Donbass (leste), e ordenou a entrada das forças armadas russas naqueles territórios ucranianos numa missão de “manutenção da paz”.
Zelensky considerou que a decisão de Putin constitui “um novo ato de agressão contra a Ucrânia” e exigiu uma resposta “imediata e decisiva” da comunidade internacional através de sanções contra Moscovo.
“Estas sanções devem incluir o encerramento completo do Nord Stream 2”, disse, numa alusão ao gasoduto que permitirá transportar gás russo diretamente para a Alemanha, que está em fase de licenciamento.
O antigo chanceler social-democrata alemão Gerhard Schroeder, que é amigo de Vladimir Putin, está ligado ao projeto do gasoduto, pertencente à empresa estatal russa GUazprom.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), incluindo o chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, vão analisar esta tarde, em Paris, a imposição de sanções à Rússia, anunciou o Alto Responsável para a Política Externa e de Segurança da UE, Josep Borrell.
Zelensky admitiu também que a Ucrânia poderá cortar relações diplomáticas com a Rússia.
“Recebi um pedido do Ministério dos Negócios Estrangeiros para considerar a questão da rutura das relações diplomáticas entre a Ucrânia e a Rússia. Imediatamente após a conferência de imprensa, irei trabalhar sobre esta e outras questões”, disse.
Zelensky apelou novamente à Rússia para que aceite dialogar e disse que Kiev se tinha disponibilizado para resolver todos os diferendos com Moscovo através de negociações em “qualquer formato de diálogo em que a Federação Russa estivesse presente”.
“Recebemos a resposta e essa resposta veio ontem [segunda-feira]. A Ucrânia deve responder a isto, defendendo a soberania e o nosso Estado”, acrescentou Zelensky, citado pela agência ucraniana Ukrinform.
A decisão de Vladimir Putin foi condenada pela generalidade dos países ocidentais, que temiam há meses que a Rússia invadisse novamente a Ucrânia, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.
Nesse ano, começou a guerra no Donbass entre os ucranianos e os separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk apoiados por Moscovo, que provocou, desde então, mais de 14.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados, segundo a ONU.
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