O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, elogiou hoje a coragem do Papa Francisco em defesa da dignidade humana e recordou-o como um “amigo tardio mas intenso” de Portugal.
O chefe de Estado falava no Palácio de Belém, em Lisboa, numa declaração ao país sobre o Papa Francisco, que morreu hoje, aos 88 anos, após 12 anos de pontificado.
“Foi talvez a mais corajosa voz de entre os líderes espirituais dos últimos 12 anos na defesa de dignidade humana, da paz, da justiça, da liberdade, da igualdade, da fraternidade, do diálogo entre culturas e civilizações, da preferência pelos deserdados das periferias, pelos mais pobres”, afirmou o Presidente da República.
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Ao longo do seu pontificado, foi uma voz em defesa dos “mais pobres, frágeis, sofredores, sacrificados, excluídos e explorados, rejeitados e esquecidos deste tempo de antigos e novos senhores, interesses e egoísmos que combatem os valores pelos quais sempre se pautou”, completou.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que o Papa Francisco “era o chefe de Estado sucessor da primeira entidade universal” que reconheceu a independência de Portugal, em 1179, “há quase oito séculos e meio”.
Recordando-o como “amigo tardio mas intenso de Portugal”, o Presidente da República salientou as suas duas visitas ao país, em maio de 2017 por ocasião do centenário de Fátima, e na Jornada Mundial de Juventude, em agosto de 2023.
Desses e de outros encontros, em 2016, 2019 e 2021, disse que guarda “a humildade do pároco nunca rendido às vestes do bispo, do cardeal, do papa, simples, aberto, generoso, compreensivo, solidário”, e também cheio “de vida e de alegria partilhada”.
“Em nome de todos os portugueses, crentes e não crentes, concordantes ou discordantes, agradeço a Francisco o carinho que devotou a Portugal, mas sobretudo a sua presença ao lado dos que morrem vítimas das diárias negações dos direitos humanos, dos abusos e das prepotências de toda a natureza, das migrações e refúgios forçados, da primazia da guerra e do injusto esmagamento de pessoas, povos e legítimos sonhos de futuro”, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa, católico praticante, declarou que “Francisco descobriu Portugal e Fátima, que não conhecia, tarde na sua vida, em 2017”, tendo então “iniciado uma intensa ligação” ao país.
O chefe de Estado destacou as canonizações de Francisco e Jacinta Marto e de Bartolomeu dos Mártires e a Jornada Mundial da Juventude, que qualificou como um “momento inesquecível da presença portuguesa no mundo”.
“Lembrar Francisco é prosseguir a nossa caminhada com ele. Como ele connosco esteve até ao último dia, ontem [domingo de Páscoa], em Roma, sempre sem medo. A sua luta não é a de um credo, de uma igreja, de uma nação eleita, de uma raça, de uma casta, de uma ideologia, de um ser humano predestinado. A sua luta é de todos e de cada qual, hoje, amanhã e sempre”, considerou.
Nascido em Buenos Aires, em 17 de dezembro de 1936, Jorge Maria Bergoglio foi eleito como sucessor de Bento XVI em 13 de março de 2013.
Assumindo o nome de Francisco I, foi o primeiro Papa jesuíta e o primeiro sul-americano a liderar a Igreja Católica.
Recentemente, esteve internado durante 38 dias devido a uma pneumonia bilateral, tendo tido alta em 23 de março. A sua última aparição pública foi no domingo de Páscoa, no Vaticano, na véspera da sua morte.
Há dois meses, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que planeava fazer na parte final deste seu segundo e último mandato, que terminará em março de 2026, uma visita de despedida à Santa Sé.
Como Presidente da República, já esteve três vezes no Vaticano, o primeiro destino que visitou no estrangeiro no início de cada mandato, em março de 2016 e de 2021, e onde regressou em janeiro de 2023, para o funeral do papa emérito Bento XVI.
Em 2019, Marcelo Rebelo de Sousa participou e esteve com o papa na Jornada Mundial da Juventude realizada no Panamá.
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