Política
Presidente da República defende que Plano Nacional de Leitura é uma “causa nacional”
O Presidente da República considerou hoje que o Plano Nacional de Leitura é uma “causa nacional”, advertindo que a falta de hábitos de leitura está a criar fenómenos de guetização na sociedade portuguesa entre os mais idosos.
“Eu defendo a atualidade deste plano, eu defendo a necessidade imperiosa deste plano, eu elogio o vosso papel, de protagonistas em torno deste plano, que é em torno de uma causa nacional. É uma causa nacional”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa num discurso na sessão de encerramento Plano Nacional de Leitura 2024, que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
O Presidente da República defendeu que, no século XXI, “dominar a leitura é indispensável a todos os cidadãos”, salientando que as “sociedades contemporâneas utilizam a escrita como instrumento basilar de cultura e ciência, de atividade económica e política, de comunicação, de vida quotidiana, o que coloca a leitura no centro das competências chave dos cidadãos”.
“Os adultos têm cada vez maior necessidade da leitura para se ajustarem aos desafios atuais, em todas as dimensões da vida: pessoal, familiar, profissional e cívica”, frisou, antes de alertar, que, entre os adultos, se está a assistir a um “problema dramático” nos seus hábitos de leitura e a “problemas de iliteracia inimagináveis”.
“Quando falamos de leitura, os indicadores são cada vez de menor leitura, sobretudo dos mais, mais idosos. (…) É um problema real da sociedade portuguesa: a guetização dos mais idosos dos idosos e o alargamento a quem começa a ficar idoso nesse sentido, que não é um bom sentido, cada vez mais cedo”, referiu.
Frisando que a falta de hábitos de leitura entre os mais idosos não se deve ao plano nacional de leitura, uma vez que só foi criado em 2006 e “não chegou ainda à sua idade o efeito”, Marcelo Rebelo de Leitura elogiou o plano e deixou sugestões para que se adapte mais aos desafios da sociedade portuguesa.
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Dirigindo-se à comissária do Plano Nacional de Leitura, que o ouvia na primeira fila, o chefe de Estado reconheceu que Regina Duarte tem concedido “um crescente enfoque à intervenção das famílias na criação de hábitos de leitura” – considerando que é uma orientação “correta e desejável” – , mas advertiu que, na sociedade atual, essa leitura em família não é compatível com a vida de muitos portugueses, em particular nas áreas metropolitanas.
As famílias “saem para trabalhar à hora que saem, chegam do trabalho às horas que chegam e, em muitos casos, não há o encontro familiar também na leitura, não há tempo para esse encontro familiar”, referiu.
Salientando que a família “já não é o agente educativo e cultural que era em muitos pontos do território físico e cultural” português há umas décadas, Marcelo apelou a que o Plano Nacional de Leitura fomente também “a ponte entre a família e a escola”.
“Os docentes têm de assumir uma responsabilidade acrescida na aprendizagem da leitura, nos projetos escolares, para estimular o prazer de ler. (…) A escola não se pode demitir disso”, afirmou.
Por outro lado, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou ainda preocupação com o facto de o Plano Nacional de Leitura ter sido criado numa altura em que o digital “era uma criança”, salientando que já não é o caso atualmente, e pedindo que se façam experiências para o adaptar à atual era.
“Eu lembro-me do tempo em que havia programas televisivos – e a colaboração entre a televisão ao menos pública e o Plano Nacional de Leitura – para o fomento da leitura. Penso que é de repescar. Tentar. Não faz mal tentar”, disse.
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