Política

Presidente da República confessa desconfiança inicial sobre criação da autoridade nacional de proteção civil

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 11-03-2023

O Presidente da República admitiu que não foi um admirador da criação da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), mas frisou que a entidade “foi-se fazendo” e que hoje convivem várias entidades com funções importantes.

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Em Gondomar, no distrito do Porto, no XXII Congresso Extraordinário da Liga dos Bombeiros Portugueses que teve início hoje e termina domingo, e quando na mesa estava o Ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, Marcelo Rebelo de Sousa confessou que olhou para a ANEPC com desconfiança.

“Não fui admirador da criação da ANEPC naquela altura. Porque era uma realidade nova que não entrava no meu universo mental. Era vista desta maneira: surge agora uma estrutura que vai mandar em nós [referindo-se aos bombeiros]. Será que ela nos compreende? Será que ela gosta tanto de nós como nós gostamos da nossa missão? Não seremos marginalizados para sempre perante a estrutura?”, disse o Presidente da República.

Dirigindo-se aos dirigentes das associações humanitárias presentes, Marcelo Rebelo de Sousa disse perceber as inseguranças dos bombeiros voluntários porque “por mais sofisticada e especializada” que a ANEPC seja, “nunca conseguirá ter tanta gente e próxima das populações”.

“E vocês [bombeiros] perguntavam-se: Não haverá mais chefes que índios? Nós os índios e eles os chefes?”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

“Mas a realidade é que a ANEPC se foi fazendo e tiveram de conviver várias entidades e todas com funções importantíssimas”, acrescentou.

Lembrando que a ANEPC foi criada por António Costa quando este era ministro da Administração Interna, Marcelo Rebelo de Sousa brincou com a sua própria sinceridade, momento que suscitou muitos aplausos na audiência.

“Sou sincero [não fui admirador da criação da ANEPC] e não sei se é bom o Presidente da República ser tão sincero, acho que cria mais inimigos do que amigos. Se bem que a dois anos e meio de fim de mandato não é fatal”, considerou.

Antes, Marcelo Rebelo de Sousa disse que o congresso que decorre em Gondomar “faz todo o sentido” e que sabe que os bombeiros estão reunidos “porque estão preocupados”.

“Dir-se-á: mas como é que estão preocupados se há um ministro da Administração Interna que tenho a certeza vai fazer tudo para ir ao encontro da resolução daquilo que vos preocupa? Estão preocupados porque sabem o que é a faina do dia a dia. Sabem o que são as dificuldades do dia a dia. Não são só vossas, mas são muito vossas”, disse.

E, num outro momento que mereceu palmas e uma ovação da audiência, Marcelo Rebelo de Sousa completou: “No dia em que deixasse de haver bombeiros fortes enraizados nas comunidades locais, morriam as localidades locais”.

O Presidente da República também deixou recados quanto à sobrevivência e sustentabilidade das associações humanitárias, o que passa, disse, “por ter o apoio a tempo”.

“O apoio que chega meses depois já não é apoio. É quase apoio”, referiu.

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que os bombeiros são “uma peça basilar e nuclear” em qualquer sistema de Proteção Civil porque, acrescentou, “todos os outros fazem e muito bem o que fazem, mas nenhum deles consegue substituir os bombeiros”.

“Ninguém conhece tão bem os terrenos, as populações, a história, a alma daquelas comunidades coo os bombeiros. Talvez os autarcas. Mas não há autarcas em número suficiente para substituírem os bombeiros”, referiu.

Já à margem do discurso, em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que se vivem “tempos exigentes” e se aproxima a época de fogos florestais, apelando à “convergência e ao diálogo” entre as instituições do setor da Proteção Civil.

“Queremos todos o mesmo e há que ter imaginação para encontrar as soluções”, concluiu.

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