Política
Presidente Chicão quer um CDS sexy e mais à direita
Francisco Rodrigues dos Santos sagrou-se hoje, em Aveiro, como o 10º presidente do CDS, reclamando no seu discurso de vitória a herança de todos os seus antecessores, desde o fundador, Freitas do Amaral, a Assunção Cristas.
O tom de grande unidade interna foi a marca desta sua intervenção, com a qual encerrou o 28º Congresso, no domingo a meio da tarde. Mas não deixou de assinalar que “este CDS”, que veio para “combater as esquerdas e o socialismo vigente em Portugal”, será também uma “nova direita” e “uma síntese de Manuel Monteiro, Paulo Portas e Lucas Pires”.
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Estes três líderes representam as diversas “alas” do partido, isto é, democratas-cristãos, conservadores e liberais.
Francisco Rodrigues dos Santos fixou objetivo de tornar o CDS-PP um partido “sexy” e próximo dos cidadãos, e nas próximas autárquicas quer contar presidentes de câmara e não vereadores, elevando a fasquia para as eleições de 2021. Atualmente, o CDS-PP tem seis presidentes de câmara eleitos.
Ilustrando a sua vontade de unir o partido, o novo líder convidou o seu adversário Filipe Lobo d’Ávila para seu primeiro vice-presidente e incluiu também António Carlos Monteiro, apoiante de João Almeida. A inclusão deste último levou, aliás, a uma azeda troca de palavras entre os dois últimos.
Todavia, não existe nenhuma mulher na Comissão Executiva, o órgão de direção mais restrito de Rodrigues dos Santos, e são poucas as que integram os organismos partidários. A falta de paridade foi justificada pelo próprio por uma escolha assente em “critérios de perfil para o exercício das funções”, acrescentando que esta “era a melhor equipa”.
A moção “Voltar a Acreditar”, apresentada ao Congresso pelo já ex-líder da Juventude Popular (JP), obteve nas urnas 671 votos (46,4%), ao passo que a sua Comissão política nacional teve a aprovação de 65,7% dos delegados ao Congresso (865 votos), com um registo de 451 votos em branco.
A lista ao conselho nacional, órgão mais importante entre congressos, liderada por Francisco Rodrigues dos Santos, obteve 51,9% (678 votos) e a de João Almeida, o candidato derrotado, obteve 581 (44,5%) e 45 brancos.
Isto significa que a lista da direção elegeu 38 conselheiros e a do seu adversário 32, uma diferença de apenas seis elementos, num congresso que representou um corte com o “portismo” [de Paulo Portas]. O facto de João Almeida ter conseguido eleger quase metade dos conselheiros revela que as duas fações continuarão a enfrentar-se.
Rodrigues dos Santos foi claro ao salientar nas suas primeiras palavras aos congressistas após a eleição, que “à direita lidera o CDS, não lidera nenhum outro partido”.
“Espero que, com este trabalho, por cada eleitor que regresse, outro possa vir de novo, para que juntos possamos começar a construir uma sólida alternativa para o povo não socialista em Portugal”, estimou o novo líder, apontando a meta para 2023, ano das próximas eleições legislativas.
Segundo Rodrigues dos Santos, o CDS vai começar “a partir de hoje a lançar as bases para uma nova maioria de direita em 2023, ou mesmo que este calendário seja antecipado, uma maioria que contará certamente com o papel ativo do CDS”.
“Este é o momento de união, é o momento de tocar a rebate, é o momento de arregaçarmos as mangas”, e acabar “com a folga que tem sido dada na oposição ao Governo socialista de António Costa”, disse o novo presidente do CDS, que se comprometeu perante o Congresso a não ser “muleta de ninguém”, nem “mordomo de nenhum outro partido”.
Entre as prioridades políticas, o novo líder identificou a necessidade de uma reforma do sistema eleitoral, um serviço nacional de saúde universal e competitivo e a Segurança.
Na véspera, porém, o enfrentamento entre os candidatos chegou a momentos de grande tensão, com uma sala dividida entre aplausos e apupos.
Ao final da tarde de sábado, o antigo ministro da Economia Pires de Lima foi vaiado por grande parte da sala quando se dirigiu, no púlpito, a Francisco Rodrigues dos Santos para lhe pedir respeito pelos adversários, advertindo que se lhe deve “dar tempo” para “apurar a sua cultura democrática”.
Dos cinco candidatos tornara-se claro que apenas dois disputavam verdadeiramente os favores dos congressistas. Abel Matos Santos desistiu da sua moção para apoiar Rodrigues dos Santos (integrando posteriormente a Comissão Executiva) e Carlos Meira retirou também a sua moção. Lobo d’Ávila manteve-se até ao fim e afirmou-se como o único capaz “de construir pontes”.
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