Política

Presidenciais: João Ferreira alerta para “o risco” de Marcelo “reabilitar” a direita em segundo mandato 

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 08-11-2020

O candidato presidencial apoiado pelo PCP alerta para “o risco” de Marcelo Rebelo de Sousa “reabilitar” a direita num segundo mandato em Belém e promete evitar “despiques estéreis” com os seus adversários de esquerda. 

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Em entrevista à agência Lusa, João Ferreira fez um balanço crítico do primeiro mandato de Marcelo, e detetou sinais, desde 2016, que o levam a concluir que, “na eventualidade de um segundo mandato”, o atual Presidente da República pode vir a “acentuar tentativas, que estão a ser feitas, de trazer a um outro papel os partidos à direita”.

Há, afirmou, “uma preocupação com essa reabilitação dos protagonistas da política de direita para criar um seguro de vida à continuidade dessa política”, seja através do “conhecido bloco central” ou “através de uma colagem ainda mais assumida a esses protagonistas da política de direita”.

Uma tendência que, segundo afirma, é visível até “na informalidade nos jantares que entendeu fazer” com várias personalidades, que não identificou.

“É um risco que é bem real e que encontra suporte em elementos da ação dele [Marcelo] neste primeiro mandato”, disse, no papel de candidato e de “analista político”, questionado sobre a eventualidade de Marcelo poder usar o segundo mandato para ajudar a “entregar” o poder aos partidos de direita.

Já sobre os adversários à esquerda, Ana Gomes, ex-dirigente e militante do PS, e Marisa Matias, a eurodeputada do Bloco de Esquerda, João Ferreira afirmou querer “sublinhar” as suas diferenças, mas “pela positiva”. 

“Se digo que considero esta candidatura indispensável e insubstituível, estou a afirmar que ela tem diferenças face a todas as outras. Eu procurarei que essas diferenças sejam evidenciadas pela positiva, mais do que entrar em despiques estéreis com outras candidaturas, quaisquer que elas sejam”, afirmou ainda o candidato que olha o apoio do PCP como “um selo de garantia” ou “marca de qualidade da candidatura”.

Caso diferente é o do candidato presidencial André Ventura e João Ferreira enquadra o tipo de ameaça que o deputado e líder do Chega, um partido de extrema-direita, pode representar.

O eurodeputado e vereador da câmara de Lisboa situa essa ameaça “no campo das causas que explicam o ascenso dessas forças e essas causas são os problemas reais que as pessoas enfrentam, a falta de emprego, a falta de condições de vida, a falta de perspetivas de futuro para jovens e menos jovens”.

“É para isto que nós temos que olhar e encontrar na resposta a estes problemas o melhor antídoto para aqueles que existem apenas para uma coisa, aproveitar, instrumentalizar e manipular esse descontentamento e não para resolver as causas da insatisfação”, mas sim manter “os benefícios de uma minoria privilegiada”, argumentou.

A resposta, afirmou, passa por encontrar, “fortalecendo as raízes do regime democrático na sociedade portuguesa e não pondo-as em causa”, a resposta “para estes problemas, para a falta de emprego, para o emprego precário, para a instabilidade nas condições de vida das pessoas, para a ausência de perspetivas de futuro o que é uma coisa por si só assustadora”.

Olhando para o PS, e à sua experiência governativa dos últimos cinco anos, mesmo com o apoio dos partidos de esquerda, Ferreira considera que o PS “não se libertou de aspetos” que considera “estruturantes da política de direita”.

“Se calhar isso tem algum reflexo também na discussão que está a ser tida a respeito das eleições para Presidente da República e a opção que eventualmente vier a ser tomada”, disse, numa referência ao apoio anunciado de vários dirigentes do PS a uma recandidatura de Marcelo.

Se estivesse no Palácio de Belém a partir de 09 de março, e perante um impasse político, com o executivo a governar em duodécimos, devido ao “chumbo” do Orçamento do Estado de 2021, João Ferreira pensaria mais nas necessidades do país do em que “arranjos partidários”, porque “essa não é uma real estabilidade, é sempre frágil e temporária mesmo quando aparente”.

O que perguntaria era se o Orçamento responde aos problemas do país, “agravados pela pandemia”, com o reforço de meios para o Serviço Nacional de Saúde, na proteção social ou ainda no “impulso que é absolutamente imprescindível à capacidade produtiva do país”.

Questionando se vê essas respostas na proposta do Governo de António Costa, o candidato do PCP, que se absteve na generalidade, disse “não”, embora veja a possibilidade de vir a ser mudado face às muitas alterações propostas pelos partidos no parlamento.

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