Opinião
Preocupações do Advento
Roubaram a Cristandade dos Calendários do Advento. Roma, o Papado, a Igreja, a Fé e a Bondade, todos eles pagam a chocolataria. Emprestam nome, data, sentir, condição e religião, mas os calendários do Advento trazem chaminés e ursinhos.
Uma porra. E não sou eu o único preocupado com este empréstimo incondicional.
Os autarcas da Região de Coimbra, tal como eu. Exigem a revisão do calendário. Os milhões da bazuca, estão empancados e não chegam. A inflação, essa malvada, trava a procissão do andor dos investimentos.
Os territórios, somos uns indígenas, estão preocupados, ele andam Dominguinhos pelos bosques, sentenciaria Aquilino.
Há carruagens, mas não há paragens, há linha, mas sobra trilho.
Contingências de burocrata, levam a casa, as árvores e ainda roem a saúde. Convenhamos, 12.066 candidaturas e 682,7 milhões de euros estão comprometidos.
Enleados e submissos. Sem o pingo do guito, mas pescadores. Ouvido na portaria, podemos ser selecionados. Sim selecionados. E por privados. Os grupos privados vão selecionar doentes do Serviço Nacional de Saúde. Ena. Bom contributo para as carradas de médicos que estamos a formar nas nossas escolas. Melhorias na agenda. E vamos, de calendário ao rebocho que a reforma, essa caridade, quer nove meses e mais sessenta e seis anos. É calendário digno de almanaque.
Na ouvidoria da Nação, a unidade estuda cortar 40% no financiamento público dos partidos. Menos 7,9 milhões de euros. Um voto descontado, de 3,77 euros para 2,32 euros.
Com a casa a arder, a nossa Comum Casa da Democracia, foi tomada de panteão e padrão. Bombeiros, autoescadas, “escadas móveis” diria o outro, polícias e no fim, os pendões casa adentro.
Eis o Advento. A aurora dourada. Fugida dos calendários para os cenáculos. O desrespeito pelo património, a demagogia, o incumprimento da lei.
Depois estranham, como escreve o Público neste sábado, que as câmaras queiram ter acesso direto à base de dados da Autoridade Tributária, para identificar e localizar bens penhoráveis em casos de cobrança coerciva de impostos como IMI ou IRC e taxas municipais.
Está bom de ver, num país retalhado em 308 municípios, muitos deles em que os munícipes são todos conhecidos, com a dispensa de pedir a autorização prévia, o caciquismo que não seria.
É a devassa a chegar neste Grande país, que se preocupa mais em ter um militar em Belém do que saber se tem intendência, sustentação e forças para defender terra e mar.
Bota um padrão nisso que alguns democratas são como o meu Calendário do Advento. Democracia sim, se nos der jeito.
OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA
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