Desporto
“Prefiro uma SAD onde um BMG possa ter 51 por cento que uma SAD onde um José Eduardo Simões qualquer tenha 10 ou 20%”
José Paulo Fafe, fundador da Casa da Académica em Lisboa e apoiante destacado de Pedro Roxo nas últimas eleições da Academica OAF, não esconde as suas críticas quanto à demora com que esta direção tem gerido o “dossier SAD”. Para ele, “não se pode perder mais tempo, nem estar à espera que a bola entre na baliza”.
NDC – Acredita que esta direção ainda vai referendar a questão da SAD durante esta época?
JPF – Era o que faltava que não o fizesse. Tem de o fazer rapidamente, estamos a perder tempo. Esta direção recebeu um mandato claro para iniciar o processo que poderá levar à transformação da SDUQ em SAD. Isso ocorreu praticamente há 5 meses e no meu entender cada semana que passa é mais uma semana que estamos a atrasar o futuro da Académica.
NDC – Mas acredita que a passagem a SAD será viabilizada pelos sócios?
JPF – Acredito, claro que sim. Os sócios da Académica sabem bem que infelizmente o futebol de hoje não se compadece com certas coisas e com encararmos os desafios com um amadorismo que mais tarde ou mais cedo nos levaria ao nosso próprio desaparecimento. Basta olhar à nossa volta e ver como clubes que, ao invés da Académica, nunca possuíram qualquer expressão, hoje conseguem afirmar-se desportivamente graças a uma estratégia que teve de passar inevitavelmente pela criação de uma SAD.
NFC – Como por exemplo?
JPF – Dou-lhe só um exemplo, o do Famalicão. Alguma vez suporíamos que à sétima jornada, um clube recém-promovido como o Famalicão lideraria isolado a I Liga? Era inimaginável.
NDC – O que é que na sua opinião faltou a esta direção para ainda não ter despoletado o “dossier SAD”?
JPF – Não sei, mas acho que não se pode perder mais tempo, nem se pode estar à espera que a bola entre na baliza.
NDC – Não teme a entrada de parceiros “inconvenientes” numa hipotética Academica/SAD? Fala-se nos brasileiros do BMG…
JPF – O BMG é possivelmente o melhor parceiro que a Académica poderá encontrar para entrar num capital de uma possível SAD. Eu vivi no Brasil quase uma década e conheço bem o prestígio que uma instituição como Banco de Minas Gerais possui a vários níveis, nomeadamente no futebol, onde salvo erro participa no capital de sete importantes clubes brasileiros. Mil vezes um BMG que um qualquer investidor que não se sabe de onde vem, onde o dinheiro muitas vezes “cheira mal” e onde os propósitos são mais do que duvidosos. O BMG dá-me as garantias que outro investidor não me daria.
NDC – Mesmo tendo mais de 50 por cento de uma SAD?
JPF – Por estranho que lhe possa parecer, sinto-me mais confortável com um BMG a deter, por exemplo, 51 por cento, que um José Eduardo Simões ou alguém do género a ter 10 ou 20.
NDC – Como é que alguém que há uns anos atrás defendeu a SDUQ contra a SAD, hoje pugna por uma SAD?
JPF – Basicamente por três questões: a primeira porque o próprio futebol mudou e as regras mudaram e são claras quanto ao que sucede aos clubes em constante défice: pura e simplesmente não resistem e estarão condenados a ir disputar o Campeonato de Portugal, o que não sucedia há cinco anos atrás; em segundo lugar, porque a SAD que a anterior direção queria à viva-força fazer aprovar transformava uma “dívida” que mais tarde veio a provar-se como inexistente em capital; e como se isso não chegasse, por último, porque quem conduzia o processo não me oferecia as garantias de seriedade, academismo e de defesa dos valores e tradições da Briosa que esta direção me garante. Mas o que eu estranhei na última campanha eleitoral foi ver os que nessa altura defendiam a SAD com uma insaciável “gula”, hoje mostrarem-se tão reticentes, isso é que para mim não tem justificação aparente.
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