Coimbra

Poupança com o Fim de Ano em Coimbra paga “um terço de um autocarro”

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 29-12-2021
A festa da Passagem de Ano em Coimbra está a gerar polémica. No centro da discórdia está a realização do espetáculo de pirotecnia lançado da Praça da Canção, na margem esquerda do rio Mondego. Muitos munícipes gostariam de ver replicado o modelo do ano passado, com o fogo de artifício nas várias freguesias do concelho. O presidente da Câmara alega questões financeiras e diz que a verba poupada vai ser canalizada para os SMTUC, o PS contesta e fala em “falácia”.
 
No início do mês de dezembro, José Manuel Silva cancelou a festa da Passagem de Ano, nos moldes tradicionais e disse que a verba iria ser investida nos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) que vivem dias difíceis, com avarias constantes. Entretanto, foi anunciada a realização de concertos online e de um espetáculo de fogo de artifício com a duração de 10 minutos, à beira rio.
 
“O senhor presidente afirmou que não fazia a festa de Fim de Ano para poupar e investir nos SMTUC isto é uma falácia uma forma de ludibriar as pessoas. Primeiro, a festa não é feita não por causa dos SMTUC mas porque as regras da Direção Geral da Saúde não permitem que se faça nos moldes anteriores”, afirma Carina Gomes, vereadora do Partido Socialista (PS) que no anterior executivo tinha o pelouro da Cultura e do Turismo. “Depois, foi dito pela autarquia que a poupança era de 140 mil euros. A própria vereadora Ana Bastos disse que um autocarro elétrico novo custa 500 mil euros e um novo a gasóleo custa cerca de 250-300 mil euros. Portanto a poupança dá para fazer o quê nos SMTUC? Não dá sequer para um autocarro. Dá para um terço de um autocarro. Esta é a segunda falácia”, acrescenta a socialista ouvida pelo Notícias de Coimbra.
 
Na página oficial do município de Coimbra no Facebook, José Manuel Silva explicou a opção. “Decidimos reduzir significativamente a despesa com os festejos, nomeadamente para investir nos SMTUC. Seria muito fácil fazer um espetáculo de fogo de artifício em cada freguesia (mesmo assim muitos lugares não o poderiam apreciar…), mas o dinheiro vem dos nossos impostos, não ‘estica’ e devemos ter algum rigor na definição de prioridades. Fazendo o fogo na margem esquerda do Mondego é onde pode ser visto por mais pessoas”, pode ler-se em resposta a vários munícipes que criticam o modelo.
 
“Uma pena não terem aproveitado a excelente ideia de distribuição do fogo de artifício pelas diferentes freguesias, colocada em prática no ano passado. Permitia que todos os munícipes pudessem apreciar esse momento especial, e sem dúvida que dissuadiria aglomerações junto ao rio”, lê-se numa publicação assinada por João Luís Lopes. “Para quê o espetáculo em redes sociais, acabem com o espetáculo é mais dinheiro que poupam para os SMTUC e a haver fogo de artifício façam-no como o ano passado em todas as freguesias assim não vai haver aglomeração junto ao rio mondego pois não vão conseguir só manter 10 pessoas e assim toda a cidade via o fogo de artifício”, escreveu Maria do Céu Fonseca. Estes são apenas dois exemplos das dezenas de publicações sobre o assunto. A maioria teve uma reação direta de José Manuel Silva.
 
“A questão do fogo de artifício está a incomodar muitos munícipes porque não se compreende que numa altura em que estão proibidos os ajuntamentos de mais de 10 pessoas na via pública, na passagem de ano, a Câmara Municipal de Coimbra mantenha o lançamento do fogo de artifício, num único ponto, concentrado, junto ao Rio Mondego”, lamenta Carina Gomes, considerando que as “pessoas estão a ser incentivadas a irem para a rua para um mesmo local a assistirem ao fogo de artifício”. Em 2020, “espalhámos o fogo de artifício por 21 pontos, os valores são diferentes é verdade, mas há que tomar decisões, não é só dizer que o dinheiro não estica”, refere.
 
O Notícias de Coimbra contactou o município que confirmou ser esta a resposta oficial em relação ao assunto. Foi uma decisão tendo por base a economia de custos para canalizar o valor para os SMTUC, esclareceu fonte da autarquia, remetendo para a publicação de resposta aos munícipes no Facebook.
 
Carina Gomes considera “inqualificável” a “forma paternalista” com que o autarca responde aos munícipes e dá como exemplo a Figueira da Foz “que cancelou os concertos e manteve o fogo de artifício espalhado pelas praias”. “Dizer que é poupar não fazer uma festa, significa que há dinheiro que não é investido em empresas nacionais, muitas delas de Coimbra, do setor da cultura, que é muito amplo, que dá emprego a muita gente e que põe o dinheiro a circular”, sublinha ainda a vereadora.
 
 

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