Coimbra
Portugal precisa de inovação radical para vencer 20 anos de atraso
Portugal precisa de políticas públicas que levem as empresas a criar produtos novos, apostando numa “inovação radical” que recupere 20 anos de atraso do país nesta área, defendeu hoje um docente da Universidade da Beira Interior (UBI).
“Durante muitos anos, andámos a assobiar para o lado”, disse à agência Lusa Mário Raposo, em Coimbra, durante um seminário do projeto INESPO III – Rede de Transferência de Conhecimento Universidade-Empresa.
Retomando as principais linhas da sua intervenção, o vice-reitor da UBI e professor catedrático do Departamento de Gestão e Economia disse que, em Portugal, “tem de haver a coragem para mudar tudo o que é a política pública na inovação”.
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“Não temos inovações radicais”, que criem bens e serviços completamente novos e “com verdadeiro impacto” no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), afirmou.
O académico falava à margem daquele encontro, que reuniu participantes portugueses e espanhóis, organizado pelo Conselho Empresarial do Centro (CEC) – Câmara de Comércio e Indústria do Centro (CCIC), no âmbito do INESPO III, um projeto apoiado pelo Programa de Cooperação Transfronteiriça INTERREG Espanha-Portugal.
Segundo Mário Raposo, “tem de haver uma mudança de agulhas para resolver isto o mais rápido possível”.
“Não geramos valor acrescentado, por isso é que a nossa produtividade não cresce”, enquanto “os nossos bons engenheiros vão embora”, tal como outros profissionais com formação superior atualmente a trabalhar noutros países, referiu.
Na sua opinião, “tem de haver uma política pública que tenha a coragem de olhar para isto”, já que o país “não está a resolver os problemas reais” do seu tecido empresarial.
“Estamos desfasados 20 anos da realidade” e a mudança só se concretizará “com a alavanca de novas políticas” que ajudem as empresas “a conquistar os clientes inovadores e a apostar mais nos intangíveis”, designadamente ao nível das marcas, preconizou Mário Raposo.
Neste contexto, também o vice-presidente executivo do CEC, Rogério Hilário, defendeu a necessidade de “aproximar as empresas” das universidades e centros de investigação.
“A região Centro sofreu e sofre daquilo que é a falta de valor acrescentado. Não ancoramos, tudo isto é volátil”, lamentou.
O CEC está “a trabalhar para que as universidades sejam parceiros estratégicos” das empresas, que deverão “ser líderes na procura da inovação radical e nos intangíveis”, sublinhou Rogério Hilário.
“Há setores que estão a tentar ancorar isto”, mas, em geral, “estamos ainda a utilizar inovação importada”, acrescentou.
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