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Portugal corre o risco de ter um elevado número de “óbitos económicos”
O impacto da pandemia em Portugal pode levar a um elevado número de “óbitos económicos”, devido à quebra de atividade económica, diz o relatório trimestral da consultora SaeR – Sociedade de Avaliação de Estratégia e Risco.
No documento, a SaeR analisa a “estratégia orçamental portuguesa na resposta à crise”, que assentou “mais num diferimento de pagamentos do que em apoios diretos”, uma estratégia que classifica de “prudente”, tendo em conta “o nível da dívida pública e da incerteza quanto ao modo de regresso das regras orçamentais ditados por Bruxelas”.
“Contudo, dado o nível de quebra de atividade e o que esta significa (desemprego, insolvências/falências, níveis de endividamento individuais e societários, descapitalização das empresas, créditos ‘malparados’), não será de afastar que o erário público tenha que vir a assumir parte destas perdas sob pena de a economia portuguesa registar um elevado número de ‘óbitos económicos’, os quais a podem vir a penalizar significativamente e à sua competitividade, acentuar os desequilíbrios sociais e dificultar soluções governativas estáveis”, salienta.
A consultora aconselha a “reponderar o grau de afetação de fundos comunitários (esperados) a algumas destas questões. Inclusive, ‘agilizar’ que agentes económicos dinâmicos (muitas PME) não fiquem ‘presos’ ao passado por legislação fiscal-comercial desadequada à velocidade das economias e sociedades modernas”.
A SaeR diz ainda que a pandemia “vai obrigar a alterações nos fundamentos do turismo”, acrescentando que acredita que o setor deverá avançar com “um novo propósito e uma nova abordagem regenerativa, repondo ou melhorando os recursos naturais utilizados”.
Para a consultora, o “extraordinário crescimento e desenvolvimento da atividade económica do turismo e, como seu aliado, o do transporte aéreo, tem provocado avaliações económicas e sociais muito benévolas, nomeadamente quanto à distribuição da riqueza a nível global, que resulta dos fluxos originados em países ricos, com destino a geografias mais carenciadas”.
No entanto, alerta a consultora, “nos últimos tempos e também resultante dos momentos de reflexão e de reinvenção que a pandemia provocou, tem vindo a surgir uma dimensão latente, mas que se está a tornar mais clara: o ambiente e a transição climática”.
A SaeR refere, neste âmbito, que “a limitação de determinado tipo de voos, o desenvolvimento de aviões e equipamento mais eficientes do ponto de vista ecológico, alteração nas infraestruturas e processos que suportam o turismo desde aeroportos a hotéis, tudo tem vindo a ser objeto de reflexão profunda”.
A consultora destaca ainda que “uma das atividades económicas do turismo mais perversas quanto a esta dimensão é da indústria de cruzeiros, por poder ser bastante poluidora e, consequentemente, pôr em causa um dos mais importantes ecossistemas da humanidade, o mar”.
Para a SaeR, “sem respeitar a natureza e o ambiente, o turismo deixa de constituir uma necessidade e uma utilidade social, não cumprindo a sua promessa inicial”.
A organização alerta ainda para que “entre os fatores e tendências que irão ter um papel determinante na evolução do turismo numa era pós-pandémica a utilização mais intensa da internet e TIC [Tecnologias de Informação e Comunicação] é uma ‘tendência pesada’ e resulta num decréscimo de determinados tipos de fluxos de tráfego aéreo e turístico, nomeadamente nas viagens de negócios, congressos e eventos”.
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