Portal Pimba regressa para dar voz aos que não a têm

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 27-11-2017

O Portal Pimba, depois de alguns anos inativo, regressa com o objetivo de ser “o arquivo definitivo” daquele género musical, procurando documentar um estilo prolífico que ainda sofre de algum preconceito, segundo o responsável do projeto.

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O inimitável Bruno Raposo (em baixo) com o inseparável garrafão do seu ídolo Leonel Nunes (em cima)

O portal tem um lado quase etnográfico, querendo divulgar canções, mas também fazer entrevistas e vídeos em torno do pimba, contou à agência Lusa Bruno Raposo, mentor do projeto, classificando-o de uma espécie de “Música Pimba a Gostar Dela Própria”, numa alusão ao “Música Portuguesa a Gostar Dela Própria”, de Tiago Pereira.

O ‘site’ foi lançado no domingo e pretende crescer ao longo do tempo com os contributos da comunidade, para que o portal se torne “o espaço definitivo e o arquivo definitivo destes artistas”, explicou o responsável, que colaborou com Nuno Markl para o “Laboratólarilolela”, na Antena 3, onde deu a conhecer Ninfa Artemis ou Júlio Miguel e Lêninha.

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O gosto pelo pimba do designer e fotógrafo a morar em Ílhavo começou quando andava no secundário, em Pombal, no distrito de Leiria, e descobriu uma cassete do artista Leonel Nunes.

Com um grupo de amigos, criou-se um “site muito arcaico, em que se demorava uns 50 minutos para fazer o ‘download’ do mp3”.

“Fomos os primeiros a dar voz ao Zé Cabra”, recorda Bruno Raposo.

Posteriormente, em 2005, lançou o Portal Pimba, que se manteve ativo até há cerca de seis anos e que agora regressa.

“Se me diverte, eu gosto. Oiço muitas outras coisas, mas isto é uma parte. Vou a festivais de verão, mas também vou a bailaricos. Não é algo incompatível e é isso que quero mostrar às pessoas: o bailarico é uma coisa muito portuguesa e não tem que ser só fixe no Santo António, em Lisboa”, vinca o responsável pelo projeto.

Segundo Bruno Raposo, o Portal Pimba também procura lutar “um pouco contra o preconceito” que persiste em relação ao género, considerando que o projeto não “ridiculariza os artistas”.

“A graça tem que estar na música e no que eles fazem”, frisa, referindo que o primeiro portal era “um espaço em que os próprios artistas gostavam de aparecer”.

Por lá, juntava-se o meio, os entusiastas da música pimba e também aqueles que procuravam a parte humorística dentro daquele estilo musical.

No novo ‘site’, Bruno Raposo pretende manter essa dinâmica e juntar “os três públicos”.

No arquivo, tanto haverá partilhas de vídeos de Youtube – “um poço sem fim” -, como a digitalização de músicas da sua coleção ou que surjam de contributos de outros, explanou.

Para a pesquisa, há a Internet, mas também a Feira da Ladra ou as bancas de cassetes que ainda encontra numa feira em Ponte de Lima, onde vai todos os anos.

“As pessoas não imaginam a quantidade de artistas desconhecidos em Portugal com coisas editadas. Continua-se a lançar muita coisa, que nunca ninguém ouve falar e, pelo meio, há verdadeiras pérolas”, sublinha o fundador do Portal Pimba.

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