Coimbra
Politécnico paga metade da redação de dois diários de Coimbra
O Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) aproveitou esta altura do ano em que “a cidade encerra para férias” para celebrar contratos publicitários com as empresas que asseguram a publicação do Diário de Coimbra (DC) e As Beiras (AB).
A instituição liderada por Rui Antunes “oferece” 67 700,00 Euros ao diário As Beiras e 49 700,00 Euros ao Diário de Coimbra.
A informação foi colocada no portal da contratação pública, mas, estranhamente, não se consegue aceder ao contrato celebrado entre o instituto e os jornais.
Somando os valores deste extraordinário “investimento” anual do IPC em DC e AB, regista-se o montante de 117 400,00€, ao qual deve ser acrescentado 23% de IVA, o que perfaz um total de 144 0002, 00€.
Recordamos que, para além dos serviços centrais do IPC, quase todas as suas escolas dependentes deste instituto público, entidades com autonomia administrativa, celebram com regularidade contratos individuais com estes dois jornais.
Durante os mandatos de Rui Antunes, escola e serviços centrais do IPC fazem publicar, em ocasiões favoráveis ao IPC, suplementos nestes jornais. Em algumas dessas publicações é difícil distinguir se estamos perante um encarte publicitário ou um conteúdo informativo.
Em entrevista à RTP, a propósito do aniversário do seu jornal, o director do diário As Beiras (ex-professor numa das escolas e membro do Conselho Geral do instituto liderado por Rui Antunes) declarou: ” temos o Politécnico todo por nossa conta”.
O filósofo que dirige o AB referia-se às “assinaturas” compradas pelo IPC(?!) para estudantes, professores e funcionários receberem o jornal no mail.
Constata-se que o AB tem mais capacidade negocial do que o seu concorrente DC. O primeiro vai receber mais vinte mil euros do que o segundo, o auto proclamado “líder de audiências”.
Uma destacado professor, que não quer ser identificada por temer represálias e perseguições por parte da equipa liderada por Rui Antunes, afirma que os 10 000, 00 euros que o IPC manda para o DC e AB dão para pagar o ordenado a metade das redacções destes jornais.
A afirmação, que até pode parecer exagerada, não é assim tão descabida. Tendo em conta que os 2 diários empregam uns 30 jornalistas e que o vencimento médio ronda os 800 Euros, os 10 000,oo pagos todos os meses pelo IPC dão para pagar o ordenado a mais de uma dúzia de profissionais
A “aplicação” do Politécnico de Coimbra é muito superior aos valores que outras instituições, como a Universidade de Coimbra ou a Câmara Municipal de Coimbra, distribuem pelos por dois jornais da cidade.
Segundo o portal dos contratos públicos, a publicidade colocada pela Universidade e pela Câmara no DB e DC ronda os 10 000€ por ano em cada um deles. Mesmo que se considere que nem todos os contratos são publicados nesta plataforma, facilmente se conclui que o Politécnico gasta bem mais sozinho do que as outras duas instituições juntas.
Os dados do exercício de 2014 disponibilizados pela Informa D&B indicam que a Diário de Coimbra Lda, editora do Diário de Coimbra (DC), facturou 2 145 727,79 Euros e que a Sojormédia Beiras S.A, proprietária do diário As Beiras (AB), não foi além dos 896 441,26 Euros. Grande parte destes valores são provenientes de entidades públicas e municipais.
Os dois diários em papel apresentam Resultado Líquidos residuais: O jornal da família Lucas apurou 3 024,90 Euros e o da família Teixeira contabiliza 9 084,98 Euros.
Segundo dados da Associação Portuguesa de Controlo de Tiragem e Circulação (APCT), a vendas em banca do DC rondam os 1000 exemplares diários e de As Beiras não passam dos 300 jornais. No que diz respeito a assinaturas, os dois jornais apresentam políticas de vendas e ofertas diferentes, pelo que não é possível cruzar dados que permitam apresentar dados credíveis. (O DB saiu da APCT. As suas vendas deixaram de ser auditadas. Desde então vem anunciado que tem largos milhares de assinaturas digitais.)
A Lei Lei n.º 78/2015 regula a promoção da transparência da titularidade, da gestão e dos meios de financiamento das entidades que prosseguem atividades de comunicação social. Obriga os media a comunicar à ERC a informação relativa aos principais fluxos financeiros para a gestão das entidades abrangidas por esta Lei. Esta obrigação deve incluir a relação das pessoas individuais ou coletivas que tenham, por qualquer meio, individualmente contribuído em, pelo menos, mais de 10 % para os rendimentos apurados nas contas de cada uma daquelas entidades ou que sejam titulares de créditos suscetíveis de lhes atribuir uma influência relevante sobre a empresa.
A Lei n.º 95/2015 estabele regras e deveres de transparência a que fica sujeita a realização de campanhas de publicidade institucional do Estado, bem como as regras aplicáveis à sua distribuição em território nacional, através dos órgãos de comunicação social locais e regionais. As campanhas de publicidade institucional do Estado devem indicar claramente a sua natureza e os fins que visam prosseguir, identificando de forma percetível aos destinatários a identidade da entidade promotora.
Declaração de interesses:
Notícias de Coimbra (NDC) é uma publicação diária (registada na Entidade Reguladora para a Comunicação Social) com os mesmos direitos e deveres dos jornais “adoptados” pelo IPC.
Ao longo dos seus 3 anos de existência NDC apresentou diversas propostas comerciais ao IPC. O Politécnico nunca se mostrou interessado em anunciar no nosso diário.
Apesar do NDC ter audiências idênticas ao DC e AB, as nossas sugestões para o IPS inserir publicidade contemplam soluções de uma ou duas centenas de euros.
Este comportamento da instituição dirigida por Rui Antunes poder configurar um acto de censura económica.
NDC continuará a noticiar as actividades de toda a universalidade IPC.
A Universidade de Coimbra nunca investiu um cêntimo no Notícias de Coimbra.
A Câmara Municipal de Coimbra não discrimina nenhum jornal do concelho.
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