O setor da sardinha criticou hoje um conjunto de organizações ambientais de terem uma visão desajustada da realidade ao pedirem um plano de recuperação para a espécie, quando este já existe e a pesca caminha para a sustentabilidade.
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A posição pública da Plataforma das Organizações Não Governamentais da Pesca (PONG Pesca) “é totalmente desajustada da realidade, porque despreza e ignora os esforços realizados pelos pescadores e não é capaz de valorizar a evolução recente do ‘stock’ de sardinha”, refere em comunicado a Associação Nacional das Organizações da Pesca (ANOP) do Cerco.
A PONG-Pesca veio propor um plano de recuperação para a sardinha ibérica, que a ANOP Cerco diz já existe e que está consubstanciado no Plano Plurianual de Gestão e Recuperação, em vigor.
Com mais de um ano de execução, o plano está a trazer “os maiores sacrifícios de sempre impostos aos pescadores portugueses de sardinha, seja em termos da dimensão temporal da sua atividade, reduzida a pouco mais de quatro meses do ano, seja nas menores capturas de sempre de sardinha”, recorda a ANOP Cerco.
A associação representativa da pesca da sardinha reitera que os mais recentes resultados científicos, elaborados pelo Instituto Português do mar e da Atmosfera e pelo Instituto Espanhol de Oceanografia, apontam para “melhorias muito significativas n estado do recurso nas águas ibéricas”, a caminho da sustentabilidade do ‘stock’.
A PONG Pesca, que junta oito associações, lamenta não ter sido incluída nas discussões sobre a nova Estratégia Nacional para o Mar e “sobre o stock de sardinha ibérica”.
Em comunicado, afirmam que é “particularmente preocupante e incoerente esta postura, numa altura em que os discursos públicos e a mobilização da sociedade em geral caminha claramente no sentido de assumir e responder à urgência ambiental”.
No caso da sardinha, está “abaixo dos limites biológicos de segurança” desde 2009, recordam.
A ANOP Cerco esclarece que a reunião em causa “foi solicitada ao Governo pelo setor da produção” e, além da PONG Pesca, também não contou com sindicatos, indústrias de conservas, comerciantes de pescado e Docapesca, que integram a Comissão de Acompanhamento da Sardinha.
A plataforma, que está representada na Comissão de Acompanhamento da Sardinha, um órgão consultivo, pede “um plano de recuperação e gestão a longo prazo” da espécie, com a qual “se tem manifestado bastante preocupada”.
Este plano foi pedido formalmente aos governos de Portugal e Espanha, para que colaborem para garantir que continua a haver sardinha suficiente.
A Plataforma inclui a Associação Portuguesa para o Estudo e Conservação dos Elasmobrânquios (APECE), Grupo de Estudos do Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), Liga para a Protecção da Natureza (LPN), Quercus, Sciaena, Associação Natureza Portugal/World Wildlife Fund (APN/WWF), Observatório do Mar dos Açores (OMA) e Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).