Cidade

Perfil Municipal de Saúde de Coimbra apresentado em sessão de câmara

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 23-03-2021

O “Perfil Municipal de Saúde” foi hoje apresentado na reunião do executivo camarário de Coimbra. Trata-se de um documento que integrará a Estratégia Municipal de Saúde, na sequência da aceitação das competências no domínio da saúde decorrentes do processo de descentralização de competências para as autarquias locais.

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Segundo a vereadora com o pelouro, a Estratégia Municipal de Saúde é um instrumento estratégico e de orientação das políticas municipais na área da saúde, tendo como objetivo fundamental promover a saúde da população e reduzir as desigualdades em saúde, fruto dos determinantes e condições dos lugares onde as pessoas nascem, vivem, trabalham e envelhecem.

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O perfil municipal de saúde foi elaborado por Paula Santana, da Universidade de Coimbra, e “apresenta uma análise geográfica dos múltiplos indicadores de diferentes áreas de intervenção, indo, sempre que possível, ao nível da freguesia, explicou Regina Bento.

“São apresentados dados relativos a indicadores de resultados em saúde (como mortalidade e morbilidade), aos cuidados de saúde, ao ambiente económico, social, físico e construído e aos estilos de vida e comportamentos”, referiu a vereadora do PS.

Por outro lado, a Câmara decidiu avançar com o processo de classificação da Igreja de São Mateus, na freguesia do Botão, como monumento de interesse público, tendo sido também aprovada uma proposta da maioria socialista para que o Aeródromo Municipal de Cernache volta a funcionar este ano, com reforço de meios aéreos, como base da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil no trabalho de combate aos incêndios.

Leia a intervenção da Vereadora Regina Bento sobre o Perfil Municipal de Saúde de Coimbra:

(…) é possível apresentar agora o Perfil Municipal de Saúde que fornece um retrato do estado de saúde da população residente em Coimbra (que saúde tem, de que doenças sofre, quais são as causas de morte) e das condições dos lugares de residência que influenciam a saúde e o bem-estar (onde e como vive, a que recursos tem acesso).

Este diagnóstico constitui assim a 1ª parte da Estratégia Municipal de Saúde, pois para decidir, para definir políticas, é preciso conhecer.

O Perfil Municipal de Saúde apresenta uma análise geográfica dos múltiplos indicadores de diferentes áreas de intervenção, indo, sempre que possível, ao nível da freguesia. São apresentados dados relativos a indicadores de resultados em saúde (mortalidade, morbilidade), aos cuidados de saúde, ao ambiente económico, social, físico e construído e aos estilos de vida e comportamentos.

Sem entrar em nenhuma análise profunda, pois nesta sede não há tempo para isso, o Município de Coimbra, no seu todo, apresenta globalmente resultados muito positivos, relativamente às unidades de referência em comparação. Por exemplo, nos indicadores da mortalidade, o Município de Coimbra apresenta taxas inferiores às do continente, da ARS e do ACES em todos os grupos de causas de morte, com exceção dos tumores malignos, o que eventualmente poderá ter alguma explicação pelo registo dos dados, dada a existência de hospitais centrais em Coimbra que tratam este tipo de doenças (CHUC e IPO).

Contudo, quando descemos para a análise por freguesia começamos a detetar alguns dados preocupantes, reveladores das tais desigualdades em saúde que queremos combater. Por exemplo, a Freguesia de Brasfemes aparece com os piores resultados nos indicadores “mortalidade por causas sensíveis aos cuidados de saúde”, “mortalidade por tumores malignos” e nos “Internamentos evitáveis por prevenção primária” e a Freguesia de Torres de Mondego aparece com o pior resultado no indicador “mortalidade evitável por causas sensíveis à prevenção” e “mortalidade evitável sensível ao consumo álcool”. Estas são as duas únicas freguesias do concelho onde não há oferta de cuidados de saúde, nem centro de saúde, nem sequer farmácia.

Um outro exemplo, a Freguesia de Souselas e Botão apresenta o pior resultado no indicador “mortalidade por acidentes de tráfego rodoviário” o que coincide com a perceção da população em termos de segurança pública, pois foi essa Freguesia que obteve o maior valor no questionário no item referente ao reporte da população que sente insegurança quando anda a pé na zona envolvente da residência. É também nesta Freguesia que encontramos o pior resultado no indicador “mortalidade por diabetes mellitus”. Este conjunto de indicadores poderá indiciar que esta Freguesia não reúne condições físicas que permitam aos seus habitantes praticar exercício físico, nomeadamente andar a pé, em segurança, o que é uma marca das freguesias rurais e periurbanas. É nas freguesias urbanas onde mais se pratica exercício físico e em que o excesso de peso e obesidade é menor, assim como a prevalência da diabetes.

Todo este diagnóstico que o Perfil de Saúde nos fornece constitui a base de evidência científica e de enquadramento necessário para a identificação dos problemas e necessidades em saúde e para apoiar a priorização e definição das estratégias municipais que integrarão o segundo volume da Estratégia Municipal de Saúde, designado Plano Municipal de Saúde que contamos apresentar até junho deste ano.

No âmbito destes trabalhos terão lugar na 1ª semana de abril um conjunto de webinars para envolver, uma vez mais, a população de todas as freguesias para, numa abordagem participada que desde o início deste trabalho tem sido privilegiada, recolher dados relativos às perceções da população quanto às principais prioridades em termos de eixos de intervenção. Em simultâneo, está a ser feito um levantamento exaustivo de todas as políticas, programas, medidas já existentes na Câmara Municipal. (…)

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