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“Perdi uma filha, a filha que nunca tive”. Dor e emoção em Vila Nova de Oliveirinha
Os corpos de Sónia Melo, Paulo Fonseca e Susana Carvalho, os três bombeiros de V.N. de Oliveirinha que morreram num incêndio, em Tábua, estão esta sexta-feira, 20 de setembro, ao quartel da corporação enlutada, onde ficarão em câmara ardente, no salão nobre, até às 12:00 de sábado.
O funeral vai ser no sábado, 21 de setembro, pelas 16:00.
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Vítor Melo, presidente da associação humanitária, fala, emocionado ao Notícias de Coimbra, e acredita que Vila Nova de Oliveirinha não vai ser a mesma.
“Não tenho inimigos, mas não desejo isto a ninguém. Dor, revolta, sentimento de incapacidade, não poder ajudá-los, não há palavras”, explica.
Veja o direto com Vitor Melo, presidente da corporação:
“Perdemos os nossos heróis”, afirma.
“Paulo amava os bombeiros mais do que tudo, passava mais tempo aqui do que com a família. É um exemplo de disciplina, de operacional”, conta Vitor.
“A Sónia que se ia casar para o ano, uma enfermeira, uma carreira toda pela frente, minha afilhada […] Eu perdi uma filha, a filha que nunca tive… A Susana começou a fazer parte de nós, mais recentemente, era uma doçura de pessoa, nunca dizia ‘não’ a nada”, recorda.
“São os melhores que partem”, frisa.
Haverá uma cerimónia privada, para os bombeiros e família, das 16:00 às 18:00.
A partir das 18:00, a cerimónia será aberta ao público.
Uma missa, que também terá lugar no quartel, será celebrada pelo Bispo de Coimbra, Virgílio Antunes, estando ainda prevista a presença do cardeal Américo Aguiar, capelão nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses.
Os três bombeiros serão depois sepultados no Cemitério de Vila Nova de Oliveirinha.
Na quarta-feira, o presidente da Câmara Municipal de Tábua, Ricardo Cruz, informou que vai propor a atribuição da medalha de mérito e altruísmo aos três bombeiros da corporação de Voluntários de Vila Nova de Oliveirinha.
A Câmara Municipal de Tábua também decretou três dias de luto municipal, que se cumprem até hoje.
Recorde-se que, sete pessoas morreram e 161 ficaram feridas devido aos incêndios que atingem desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra, e que destruíram dezenas de casas.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabiliza cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 121 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro já arderam mais de 100 mil hectares, 83% da área ardida em todo o território nacional.
O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e sexta-feira dia de luto nacional.
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