Economia

Páscoa amarga com o preço do chocolate a disparar

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 semana atrás em 11-04-2025

Imagem: depositphotos.com

Este ano, a época de Páscoa pode trazer um sabor amargo para os consumidores, com o aumento do preço do chocolate a ser uma das principais preocupações.

As dificuldades enfrentadas pela produção de cacau em países como o Gana e a Costa do Marfim, causadas por fatores como alterações climáticas, pragas e doenças, agravam ainda mais a situação. Estes dois países são responsáveis por cerca de 60% da produção mundial de cacau, e o impacto nas suas colheitas tem refletido diretamente nos preços. Para além disso, o aumento nos preços pagos aos produtores de cacau elevou ainda mais o valor do produto, o que acabou por resultar em preços mais altos para os chocolates a nível global.

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O aumento dos preços tem sido substancial. Entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, os preços dos chocolates em Portugal subiram cerca de 9,87%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). A situação foi ainda mais alarmante no início de 2025, quando a DECO PROteste constatou um aumento de 26% no preço de uma cesta com quatro tipos de chocolate vendidos nos supermercados portugueses. Em apenas três meses, o custo passou de 8,02 euros para 10,09 euros, o que representa um aumento de 2,06 euros.

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Entre os produtos analisados, o chocolate para culinária da Pantagruel foi o que registou o maior aumento, com uma subida de 44%, passando de 2,84 euros para 4,09 euros. Já o chocolate de leite da Milka teve um aumento de 27%, e o chocolate para culinária de marca própria aumentou 16%. Curiosamente, o único chocolate da cesta que viu o preço descer foi o chocolate de leite de marca própria, com uma redução de 3%, embora modesta (de 1,11 euros para 1,08 euros).

Apesar do impacto em 2025, o maior aumento de preços ocorreu em 2024, ano em que o preço do chocolate subiu 41%. Na primeira semana desse ano, a mesma cesta de chocolates custava 5,67 euros, e um ano depois o preço já havia subido para 8,02 euros. O chocolate para culinária de marca própria foi o que mais disparou, com uma subida de 74%.

Ao longo dos últimos três anos, o aumento acumulado no preço destes quatro chocolates foi de 119%, com os chocolates para culinária a registarem as maiores subidas percentuais. Este aumento foi mais acentuado nos produtos das marcas dos supermercados, com o chocolate de leite de marca própria a aumentar 96%, e o chocolate para culinária de marca própria a sofrer um aumento de 155%.

Adicionalmente, a DECO PROteste identificou um fenómeno de “reduflação” em algumas marcas. A tablete de chocolate de leite da Milka, por exemplo, viu a sua quantidade reduzida de 100 para 90 gramas, embora o preço tenha continuado a subir. Esta prática, que consiste na diminuição da quantidade do produto mantendo ou aumentando o preço, não é considerada fraude, desde que a informação esteja claramente indicada no rótulo. No entanto, pode enganar o consumidor, razão pela qual a DECO PROteste defende uma maior transparência por parte das marcas.

Portanto, se os consumidores notarem que, apesar das promoções e do chocolate de Páscoa, o preço está mais alto, a explicação pode estar não só no aumento do preço do cacau, mas também em mudanças na embalagem e na quantidade dos produtos.

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