Coimbra
PAN com campanha centrada no ambiente à espera de ‘surfar’ a onda verde
A campanha do PAN, feita com poucos meios e ainda sem grandes estruturas locais, focou-se no ambiente e no combate às alterações climáticas, deixando de fora temas como a saúde, a educação ou o emprego.
De carro híbrido e panfletos de papel reciclado na mão, André Silva percorreu o país de norte a sul, quase sempre encostado ao litoral e a temas associados à transição para uma economia descarbonizada, às alterações climáticas e à conservação, num momento em que estes temas estão também mais presentes na agenda pública.
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Mas se aos jornalistas falava de ambiente (a maioria das iniciativas de campanha dirigiam-se para esta área), nas ações de rua, principalmente em Barcelos e Porto onde encontrou gente com quem interagir, as pessoas continuavam a associar André Silva às causas dos animais, fosse para o criticar, fosse para o elogiar ou para se queixarem dos preços da alimentação e dos serviços veterinários para os seus gatos e cães.
Apesar de na rua a campanha do PAN nem sempre ter acertado nas melhores horas e locais (em Castro Verde e Santa Maria da Feira o candidato quase não encontrou gente), André Silva mostrou que está à vontade no contacto com as populações, sendo o melhor exemplo disso a ação em Barcelos, onde, perante uma população mais velha, o candidato conseguiu arrancar sorrisos, elogios e até “reconsiderações” de voto.
Se a questão do bem-estar dos animais esteve quase arredada da campanha (haverá duas ações dedicadas a esse tema nos últimos dois dias de campanha), o ambiente foi rei e senhor, com o deputado do PAN a protestar contra a agricultura intensiva e a exploração de combustíveis fósseis e a propor um investimento sério nos transportes públicos coletivos.
Durante a campanha, André Silva aproveitou a passagem por Monchique, concelho do Algarve afetado pelos incêndios, para propor a “deseucaliptização” do país, andou no Vouguinha, no distrito de Aveiro, para defender um forte investimento na ferrovia e foi até à Bajouca, no concelho de Leiria, para falar com a população local e reiterar que os contratos de prospeção de exploração de hidrocarbonetos no país têm de acabar.
Em Paredes de Coura, num congresso sobre vegetarianismo, afirmou que “comer é um ato político” e, em Lisboa, definiu como linha vermelha do PAN o combate à corrupção, com um maior reforço de meios para a PJ e Ministério Público e a criação de tribunais especializados neste tipo de crimes.
De fora, ficaram temas como a saúde, o emprego ou a educação, sendo que a habitação, um tema cada vez mais importante para os habitantes dos grandes centros, foi abordado pelo partido no âmbito das respostas sociais à população sem-abrigo e voltará a ser tema na sexta-feira, aquando de uma visita programada ao Bairro Portugal Novo, em Lisboa.
Com uma campanha dominada pelo caso Tancos, em que o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes foi acusado, André Silva quis centrar as atenções nas propostas que o partido tem para o país, vincando uma e outra vez que o caso judicial deveria estar fora da campanha.
Sobre a possibilidade de o PAN poder ser uma força política que dê luz verde a um Governo do PS, o porta-voz do partido sempre escusou fazer afirmações contundentes, seja à comunicação social seja à população com quem contactou.
Por diversas vezes, disse esperar roubar votos à esquerda e à direita e tanto afirmou que pretende fazer “frente à geringonça”, como prometeu ser um partido para fazer pontes e dialogar.
“Nem pela direita, nem pela esquerda, pela verdade”, sugeriu-lhe uma transeunte em Barcelos.
Entre os muitos elogios e algumas críticas que foi recebendo nas ações de rua, André Silva vai para os últimos dois dias de campanha com a esperança de que haverá um reforço da representação parlamentar do partido e a possibilidade de poder constituir um grupo parlamentar.
Passados quatro anos, o PAN segue para as eleições com confiança, num momento em que se tornou mais fácil falar de ambiente e alterações climáticas, seja no litoral ou no interior, com os mais novos ou com os mais velhos, apesar de, para muitos, este ainda ser “o Partido dos Animais”.
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