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Pais imploram às autoridades para anularem condenação do filho à morte

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 19-12-2022

Os pais de um jovem iraniano, condenado à morte por envolvimento no movimento de protesto que abala o Irão há três meses, imploraram hoje às autoridades judiciais que poupem o filho.

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 Num vídeo, Mashallah Karami, pai de Mehdi Mohammad Karami, pede ao sistema judiciário que anule a sentença de morte.

“Peço respeitosamente ao poder judiciário, imploro, por favor, que anule a sentença de morte no caso de meu filho”, disse Mashallah.

O pai descreve o filho, na casa dos 20 anos, de acordo com grupos próximos do movimento de protesto, como campeão de karaté, membro da seleção nacional e vencedor de várias competições no Irão.

Ao seu lado, a mãe de Mehdi, que se levanta como se estivesse a embalar um bebé, pede então às mesmas autoridades para que o filho seja poupado.

Mehdi pode ser o terceiro iraniano a ser executado na sequência de decisões saídas de julgamentos sumários relacionados com as ações de protesto provocadas pela morte Mahsa Amini, a 16 de setembro.

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A morte da jovem Amini, detida três dias antes por uso incorreto do véu e que morreu sob custódia policial, gerou uma série de protestos a nível nacional que estão a ser duramente reprimidos pelas autoridades, o que tem levado inúmeros países ocidentais a impor sanções a Teerão.

Segundo a organização de defesa e promoção dos direitos humanos Amnistia Internacional (AI), Mehdi é uma das cinco pessoas condenadas à morte por um ataque que tirou a vida de um paramilitar, durante uma cerimónia fúnebre em homenagem a um manifestante em Karaj, perto de Teerão.

“[Mehdi foi condenado] menos de uma semana depois do início de um julgamento apressado e injusto que não tem qualquer semelhança com um processo legal válido”, denunciou a Amnistia.

O pai, Mashallah Karami, disse à imprensa local que o advogado da família não conseguiu aceder ao processo judicial do filho e que um outro defensor, nomeado pelo tribunal, nunca respondeu às chamadas telefónicas da família.

O Irão anunciou 11 sentenças de morte por envolvimento em “motins” e acusa “inimigos estrangeiros”, incluindo Estados Unidos e Israel, de os estarem a fomentar a sublevação.

Segundo a Amnistia, além das 11 pessoas já condenadas, 15 são indiciadas por crimes puníveis com pena de morte.

Grupos de direitos humanos acreditam que os procedimentos legais foram forjados e estão preocupados com as confissões obtidas sob tortura.

As duas primeiras execuções ocorreram com Mohsen Shekari, a 08 de dezembro, e com Majidreza Rahnavard, quatro dias depois. Ambos tinham 23 anos.

Majidreza Rahnavard foi enforcado em público.

Segundo a ONU, as autoridades do regime teocrático iraniano já prenderam cerca de 14 mil pessoas desde meados de setembro, enquanto a organização Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo, dá conta da morte de pelo menos 469 manifestantes.

As autoridades reportaram oficialmente mais de 200 mortes, incluindo membros das forças de segurança, desde o início dos protestos.

Entretanto, a rede de Internet do Irão registou hoje uma série de bloqueios nas páginas internacionais que terminam em “.com”,  ao mesmo tempo que os utilizadores alertaram para o facto de a velocidade estar “extremamente lenta”.

No entanto, os domínios nacionais – as páginas da web que terminam em “.ir” – são facilmente acessíveis, levantando preocupações de que as autoridades iranianas estejam a tentar isolar o país da rede internacional.

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