Coimbra
Padre Américo atualizou no Evangelho a caridade, fé e esperança
O Padre Américo, criador da Obra de Rua e declarado hoje “venerável” pelo Papa Francisco, foi um homem que “atualizou no Evangelho a caridade, a fé e a esperança”, disse à Lusa fonte da Diocese do Porto.
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“Foi um homem atento às realidades sociais do seu tempo. Um homem que atualizou no Evangelho a caridade, a fé, a esperança no mundo onde as pessoas já estavam acomodadas àquela caridade da esmola e pouco mais. Ele foi um homem que lutou contra um certo comodismo social em prol das crianças e dos jovens, que depois foi acolhendo nas suas casas, dando-lhes instrumento de trabalho”, até conseguir colocá-los no mercado de trabalho, afirmou à Lusa João Pedro Bizarro, postulador da causa do Padre Américo, que funciona como uma espécie de advogado na Santa Sé para defender os feitos “extraordinários” daquele padre.
O Vaticano anunciou hoje que o Papa Francisco aprovou a publicação do decreto que reconhece as “virtudes heroicas” do Padre Américo, fundador da Obra da Rua, considerado um passo decisivo no processo com vista à beatificação do Padre Américo.
Sobre esta decisão, o bispo do Porto, Manuel Linda, manifestando-se esta manhã na rede social Twitter, congratulou-se por o Padre Américo já ser venerável.
“Padre Américo já é venerável! O Papa Francisco assinou o decreto das virtudes heroicas do ‘Pai Américo’ dos Gaiatos, de acordo com a votação, por unanimidade, da Congregação para a Causa dos Santos de 2/12. Graças a Deus. É um exemplo de doação cristã!”, escreveu o bispo do Porto.
O postulador João Pedro Bizarro acrescentou à Lusa que toda a vida do Padre Américo foi “extraordinária”.
“Foi um homem que sempre teve Deus presente na sua vida. Todo o percurso da vida que foi tendo o conduziu ao serviço de Deus. Foi um homem que esteve atento à caridade, sempre tratou dos pobres ao ponto de lhe chamarem muito a brincar que era demasiado franciscano até para os franciscanos. Foi um homem que esteve atento aos problemas sociais. Foi um homem atento às crianças que andavam abandonadas”, acrescentou.
Segundo o postulador da causa, toda a Obra da Rua nasce a partir da necessidade de responder a uma lacuna que a sociedade tinha em relação aos “jovens que não tinham instrução, nem sequer sustento”.
Há instituições da Obra de Rua no Porto, Coimbra, Lisboa e Moçambique, referiu João Pedro Bizarro.
“Na Obra de Rua dava de comer, vestia, educava as crianças que não tinham outro suporte”, recorda, elencado ainda que a Obra do Calvário foi outra vertente na vida do Padre Américo.
A Obra do Calvário dá, e deu, guarida a pessoas com deficiência, onde era aplicada a metodologia de que os próprios utentes cuidam uns dos outros”, acrescentou João Pedro Bizarro.
A publicação do decreto sobre as virtudes heroicas foi autorizada pelo Papa Francisco após uma audiência com o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato, na quarta-feira, informou hoje a agência Ecclesia.
O reconhecimento das “virtudes heroicas” é necessário no processo para a beatificação – iniciado em 1986 – ficando a faltar o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão do Padre Américo.
Américo Monteiro de Aguiar, conhecido como Padre Américo, nasceu em Galegos, no concelho de Penafiel, distrito do Porto, em 1887, e morreu no Hospital de Santo António, no Porto, em 1956, tendo instituído a Obra da Rua em janeiro de 1940, com a fundação da primeira Casa do Gaiato.
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