Política
Pacheco Pereira situa a liberdade em Abril e a democracia em Novembro
O historiador Pacheco Pereira afirmou, esta quinta-feira, em Ansião, que a revolução ocorrida a 25 de Abril de 1974 proporcionou liberdade aos portugueses, mas não democracia.
Para a “consolidação das instituições democráticas”, em que o antigo deputado à Assembleia da República inscreve o 25 de Novembro de 1975, foi necessária uma década, assinalou.
José Pacheco Pereira usava da palavra numa sessão subordinada ao tema “O golpe e os acontecimentos de 25 de Novembro” [de 1975], em que também intervieram os ex-militares Pedroso Marques e Rodrigo Sousa e Castro, organizada pela Câmara e pela Assembleia Municipal de Ansião.
Interpelado acerca do papel do PCP nos acontecimentos, o historiador disse que o partido de Álvaro Cunhal procurou ter “um pé dentro e outro fora”.
“Em Agosto de 1975”, no auge do chamado PREC (Processo revolucionário em curso), Cunhal fez uma “longa intervenção” no Comité Central do PCP, sendo que “ela ainda hoje não é integralmente conhecida”, vincou Pacheco Pereira.
Para ele, a eleição da Assembleia Constituinte (em Abril de 1975) “ajudou a dar legitimidade” aos militares moderados, cujo expoente consistiu no denominado “Grupo dos Nove”.
Outrora porta-voz do Conselho da Revolução, extinto no âmbito da revisão da Constituição da República feita em 1982, Sousa e Castro disse que Álvaro Cunhal remetia para a “legitimidade eleitoral” e para “a revolucionária”.
O ex-militar, que enalteceu o papel do então Chefe do Estado, afirmou que para o desfecho dos acontecimentos do 25 de Novembro de 1975 foi decisiva a “manutenção da unidade de comando” nas Forças Armadas assegurada pelo general Francisco Costa Gomes.
Segundo Sousa e Castro, o então Presidente Costa Gomes, dotado de “inteligência geométrica e estratégica”, instou Álvaro Cunhal a ordenar aos seus apoiantes para se demarcarem de operações temerárias.
Pedroso Marques, que interveio em 1961 no “Movimento de Beja” contra a ditadura, inscreveu o 25 de Novembro de 1975 no “domínio da inevitabilidade”.
De acordo com a Infopédia, há 49 anos, sob comando de Ramalho Eanes, ocorreu “o triunfo” dos militares que aceitavam a composição da Assembleia Constituinte “numa atitude manifestamente fundadora do novo regime democrático português”.
Em Setembro de 1975, uma Assembleia do Movimento das Forças Armadas apeou o general Vasco Gonçalves da chefia do Governo e substituiu-o pelo almirante Pinheiro de Azevedo. Procedeu-se, então, à formação do VI Governo Provisório, que, segundo a Infopédia, era “decididamente favorável ao estabelecimento de um regime político de democracia representativa”.
Ao dirigir-se a jovens alunos, em Ansião, Pacheco Pereira exortou-os a defenderem a liberdade e a democracia.
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