Portugal
Ouriços passam para categoria de “quase ameaçados” de extinção
A população de ouriços da Europa Ocidental está em declínio, expulsos dos seus habitats pela expansão urbana e ceifados nas estradas pelos automóveis, estando agora classificados na categoria de “quase ameaçados” de extinção.
Na Lista Vermelha atualizada da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), publicada na segunda-feira em Cali durante a COP 16, o Erinaceus europaeus foi transferido da categoria de “menos preocupante” para “quase ameaçado” de extinção.
A sua população diminuiu em mais de metade dos países onde se regista, principalmente no Reino Unido, Noruega, Suécia, Dinamarca, Bélgica, Países Baixos, Alemanha e Áustria.
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O ouriço “está muito perto de ser ‘vulnerável’ e é provável que caia nesta categoria da próxima vez que o avaliarmos”, alertou à agência France-Presse (AFP) Sophie Rasmussen, investigadora da unidade de conservação da vida selvagem da Universidade de Oxford, acrescentando que “os humanos são os piores inimigos dos ouriços”.
Para se proteger de predadores naturais como texugos, raposas ou corujas, o ouriço enrola-se numa bola, usando os 8 mil picos nas costas como repelente.
Mas “em frente a um carro, não é uma estratégia muito boa”, lembrou Rasmussen.
Outras ameaças à espécie são os pesticidas utilizados pela indústria agrícola, mas também em jardins privados, e o declínio dos insetos que constituem grande parte da sua dieta.
Os ouriços vivem normalmente dois anos, embora tenham sido documentados alguns casos com nove ou doze anos.
Podem reproduzir-se a partir do final do primeiro ano, com ninhadas de três a cinco crias.
“Isto significa que muitos ouriços só se reproduzem uma vez, ou mesmo duas, se tiverem sorte, antes de morrerem”, ou apenas o suficiente “para manter o nível populacional”, indicou a especialista.
Rasmussen, cuja investigação foi incluída na atualização da Lista Vermelha da UNIC, convida todos a agir porque, segundo ela, a sobrevivência dos ouriços “será atirada para os jardins das casas”.
A investigadora instou os proprietários a construírem “autoestradas de ouriço”, ou seja, um buraco na vedação exterior para permitir a passagem à noite, e a deixar uma pequena reserva de água e resíduos alimentares no caminho.
“A melhor coisa que pode fazer é deixar o seu jardim crescer selvagem para atrair tudo o que um ouriço precisa de comer: insetos, minhocas, caracóis e lesmas”, frisou Rasmussen.
“Não é como se o mundo fosse entrar em colapso amanhã se os ouriços desaparecerem”, mas “podemos realmente aceitar o facto de estarmos a causar a sua extinção?”, questionou ainda.
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