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Organizações luso-americanas “têm de ser mais relevantes para a nova geração”
O luso-americano Nathan Fatal, que faz formação de líderes e ativistas políticos em Los Angeles, considera que as organizações portuguesas devem fazer um esforço para se aproximarem das gerações mais jovens nascidas nos Estados Unidos.
“Têm de ser mais relevantes para a nova geração”, disse à Lusa o responsável, que trabalha com o Leadership Institute. “Podem pelo menos contactar as pessoas e perguntar o que gostariam de ter, como membro desta organização e desta comunidade”, frisou.
Nathan Fatal, filho de emigrantes de Óbidos que nasceu em Providence, Rhode Island, identifica uma desconexão entre o que as associações portuguesas pretendem fazer para passar testemunho e o que está a ser feito.
“O mais comum é falar sobre o problema, mas não fazer nada para o melhorar”, notou. “Vai ser muito difícil ter mais envolvimento dos jovens luso-americanos sem falar diretamente com eles”.
Fatal referiu o exemplo positivo das iniciativas do Conselho de Liderança Luso-Americano (PALCUS, na sigla inglesa), que são desenhadas para melhorar a situação.
“Eles têm bolsas para ajudar com os estudos de português, têm estágios, têm programas para viajar para países lusófonos e acho que tudo isso é muito boa ideia”, referiu. “Como membro do PALCUS e pessoa de 29 anos, acho que têm feito muito bom trabalho para que eu me sinta bem-vindo”.
Uma das áreas que Nathan Fatal considera importantes é o ensino da língua portuguesa. “Não conheço ninguém da minha idade que more nos Estados Unidos e fale português”, indicou, explicando que aprendeu a falar e a escrever a língua na universidade.
“Sempre senti uma conexão muito forte com Portugal, ser português e falar a língua”, explicou. “A música, a cultura, a comida sempre fizeram parte da minha vida”.
Nathan Fatal mudou-se de Washington, D.C. para Los Angeles em 2020, durante a pandemia de covid-19, depois de vários anos a viajar entre as duas cidades como parte do seu trabalho de formador.
“As formações são sobre a liderança, o ativismo e como ser um candidato. O meu foco é como recrutar voluntários e desenvolver líderes, contactar os eleitores”, descreveu. Outras questões práticas passam por como levantar financiamento, abrir uma organização, entrar com papelada, candidatar-se e passar a mensagem.
“Na canção Grândola Vila Morena, há uma parte que diz que o povo é quem mais ordena. Eu acredito muito nesta ideia”, afirmou. “É por isso que o 25 de Abril é tão importante para mim como o Dia da Independência nos Estados Unidos”.
Como formador, Nathan Fatal está focado precisamente em dar aos formandos ferramentas concretas para fazerem a diferença nas suas comunidades.
“Acredito nas pessoas e na possibilidade de que o governo seja transparente, acessível, que trabalhemos com ele de maneira mais pacífica e fácil”, enunciou.
O seu trabalho é apartidário e as formações são direcionadas a quem quer ter um papel mais forte e perceber como influenciar as decisões governativas.
“A consciencialização sem ação leva à apatia”, sublinhou. A sua intenção é ajudar as pessoas a tomarem ação: “É não ficar à espera que alguém se responsabilize por algo que nos preocupa, não ficar à espera de autorização”.
Desde que as formações ao vivo regressaram, após o início da vacinação em massa na Califórnia, Nathan Fatal notou um aumento significativo da procura.
“Estou a receber mais pedidos de formação que nunca, tantos que a organização não é suficiente para ir ao encontro da procura”, referiu.
Formado em ciência política pela Universidade de Massachusetts, Amherst, o luso-americano disse que não é preciso que as pessoas sejam ativistas profissionais para fazerem a diferença.
“Se o governo fosse mais acessível e transparente e mais pessoas soubessem como participar, mesmo aqueles que não têm muito dinheiro poderiam participar de maneira mais fácil”, disse. “Uma pessoa pode ser um professor, engenheiro, de qualquer indústria, e ainda assim ter um papel e usar o seu poder”.
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