Saúde
Ambientalistas dizem que roteiro para proibição de químicos é “grande detox”
O Gabinete Europeu do Ambiente (EEB, na sigla original), uma rede de 170 organizações ambientais, considera o anúncio de hoje da Comissão Europeia um “grande detox”, por ser a maior proibição de produtos químicos tóxicos de sempre.
A Comissão Europeia anunciou hoje um roteiro de proibição de substâncias químicas na Europa, como parte do Pacto Ecológico Europeu, que se traduz na maior remoção de substâncias químicas autorizadas e que há muito grupos ambientalistas e de consumidores pediam.
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Entre outras restrições estão por exemplo os retardadores de chama, frequentemente ligados a cancro, ou os bisfenóis, usados em plásticos de alimentos por exemplo e que afetam as hormonas humanas.
Serão também banidas todas as formas de PVC, um plástico difícil de reciclar e com aditivos tóxicos, e terão restrições os PFAS (substâncias perfluoroalquiladas), que resistem à degradação e que contaminam o ambiente, e outros produtos químicos nocivos encontrados por exemplo em fraldas de bebé, chupetas e outros produtos de puericultura.
Num comunicado do EEB lamenta-se que cerca de 12.000 produtos químicos, conhecidos por causar cancro, infertilidade, reduzir a eficácia das vacinas ou provocar outros impactos na saúde, estejam ainda em produtos, alguns deles sensíveis como as fraldas, e diz-se que o roteiro hoje aprovado é “um primeiro passo”.
O EEB salienta também, no comunicado, que alguns produtos químicos da lista já tinham restrições na União Europeia (UE) mas acrescenta que a maioria é nova. Estima que o processo de proibição de todos os produtos químicos constantes da lista começará dentro de dois anos, e que todas as substâncias terão desaparecido até 2030.
A organização lembra também que a proposta da Comissão Europeia mereceu os protestos da poderosa indústria química europeia, o quarto maior setor industrial da UE, mas diz que os governos apoiam o roteiro, com a oposição da Itália em relação aos PVC.
“Normalmente, os controlos químicos da UE são dolorosamente lentos. A regra básica é que os interesses empresariais vêm em primeiro lugar, a saúde e o ambiente vêm em segundo lugar. Mas o que a Comissão de (Ursula) Von der Leyen anunciou hoje promete uma mudança rápida. Esta ‘grande desintoxicação’ pretende melhorar a segurança de quase todos os produtos fabricados e baixar rapidamente a intensidade química das nossas escolas, casas e locais de trabalho”, disse, citada no comunicado, a diretora da política de produtos químicos da EEB, Tatiana Santos.
Segundo o comunicado serão utilizados na Europa cerca de 200.000 produtos químicos, cujas vendas globais mais do que duplicaram entre 2000 e 2017.
“Em volume, três quartos dos produtos químicos produzidos na Europa são perigosos”, e no mês passado um relatório da ONU revelou que “a poluição química está a causar mais mortes do que a covid-19”, pode ler-se no comunicado.
A exposição diária a uma mistura de substâncias tóxicas está ligada ao aumento de problemas de saúde e fertilidade, bem como ao colapso de populações de insetos, aves e mamíferos.
“Cerca de 700 químicos industriais que são encontrados hoje nos seres humanos não estavam presentes nos nossos avós”, salienta o EEB.
A UE costuma regular os produtos químicos um a um mas tal não acompanha o desenvolvimento da indústria, de “um novo produto químico a cada 1,4 segundos”.
Nos últimos 13 anos a UE proibiu cerca de 2.000 substâncias químicas perigosas, mais do que em qualquer outra região do mundo.
O EEB estima que o roteiro levará à proibição de entre 4.000 e 7.000 substâncias químicas até 2030.
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