Opinião

Ordem na casa

Opinião | Amadeu Araújo | Amadeu Araújo | 2 meses atrás em 04-07-2024

Causou espanto uma simples, e legitima, intenção de arrumar a corporação. São muitos anos a divagar, semestres sucessivos de escutas, suspeitos que não são arguidos e arguidos que não são ouvidos. Casos de poder discricionário, em que a culpa morre solteira num país que em dez anos não conseguiu julgar um primeiro-ministro e que em sete meses não produziu um esclarecimento sobre uma vã suspeita que levou à queda de um governo. E na Madeira, outro, tornando a ilha ingovernável.

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Os políticos têm medo das corporações judiciais, sobretudo das que não são órgão de soberania – mas agem como tal.

Casos a mais, responsabilidades a menos e um pedido: o “novo procurador-geral tem que pôr ordem na casa”.

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Espumoso, a precisar de apontar o dedo, ignorante em geopolítica, houve quem viesse a terreiro defender o magistério.

Não me parece que as palavras da ministra da Justiça sejam descabidas. Mais claro, são totalmente necessárias. Quatro anos de escutas? Separação de poderes? Mas não tem uma tutela?

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Rita Alarcão tem toda a razão para pôr fim à “descredibilização” que o Ministério Público vive.

Ocupado em mudanças, uma ideia velha de novo nome, que faz mais. Tem sido tudo assim, fazer mais com as calças de meu pai.

O fazer mais é, sem dúvida alguma, uma reforma da Justiça, ou, como disse o Magistrado, “sem vinganças”. Curiosa achega para meter numa urgência, mas, enfim, não pode, e cito, “ficar a sensação de que se faz uma reforma da justiça à medida de conveniências de cada momento”.

Não são conveniências, veja-se a decisão do Tribunal de Tondela, ontem, que perguntou, num julgamento, se “é legítimo fazer um assassinato de caráter a alguém sem possibilidade de resposta?”, ou como disse o juiz “depois de propalada uma mentira, não se pode retirá-la para trás”.

Por isso se reclama o fim desta indecência, e corajosa foi a ministra que chamou os sarilhos pelo nome.

Melhor, com pena minha, do que mudar de governo a meio do jogo, como solicitou o senhor de Boliqueime, que a seguir ao bruxo de Fafe, é quem mais sabe destas cousas.
De caminho, todos esconderam a cara e não lhes apareceram os números estranhos que nos ditam futuro.

O défice das contas públicas portuguesas agravou-se para 2, 5 mil milhões de euros até maio. Dar tudo a todos tem custo, e em mês de pagar impostos, doi a leviandade.
E, tal como outros que espatifaram a herança, as culpas são alheias.

Mas, lá está, há pressão crescente sobre as finanças públicas portuguesas.

Mas sobre isto? Está calada mula!

OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA

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