Ordem dos Engenheiros diz que decreto para assinar projetos revela alguma “reposição da justiça”
O bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Mineiro Aires, considerou hoje a aprovação, em comissão parlamentar, de um projeto de lei que permite a um grupo de engenheiros assinar projetos de arquitetura, representa “alguma reposição da justiça”.
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Contactado pela agência Lusa, o dirigente considerou que a proposta hoje aprovada, em comissão parlamentar, “tem algumas imprecisões”, mas que é “um avanço positivo”.
O projeto de lei foi aprovado na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas da Assembleia da República, mas ainda deverá ir a plenário para votação final.
“A nossa esperança é que as imprecisões venham ainda a ser corrigidas”, disse o bastonário dos engenheiros, apontando que dizem respeito à data de entrada nas universidades, e em relação à transposição da diretiva comunitária.
Na comissão estavam a ser apreciadas propostas do PSD, do PS, do PAN e do PCP sobre esta matéria, mas os socialistas acabaram por retirar a sua proposta.
O projeto de lei repõe a possibilidade dos engenheiros matriculados em quatro estabelecimentos de ensino superior até 1987/88 poderem assinar projetos de arquitetura.
No final da reunião da comissão, o deputado do PSD Joel Sá, disse à Lusa que o documento “segue a diretiva comunitária nesta matéria, e está de acordo com a recomendação do Provedor de Justiça enviada ao parlamento”.
Em causa está a transposição de uma diretiva comunitária que reconhece competências para o exercício da arquitetura, a cursos de engenheiro civil, até 1988.
“Não engloba todos os engenheiros, mas os que estão nestas circunstâncias”, disse o deputado, apontando que estes profissionais podiam assinar projetos de arquitetura nos outros países da União Europeia mas não no seu próprio país.
Os engenheiros em questão são aqueles que se matricularam até àquela data nos cursos do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, e da Universidade do Minho.
De acordo com Joel Sá, o texto hoje aprovado ainda deverá ser revisto formalmente pelos serviços jurídicos do parlamento.
“O texto é mais abrangente do que estávamos à espera, e a proposta poderia ser mais perfeita, mas antes de baixar ao plenário esperamos que seja retificada”, disse ainda Carlos Mineiro Aires à Lusa, comentando que “não se trata de qualquer guerra contra os arquitetos, mas de uma questão de reposição de justiça para com um grupo de engenheiros”.
Depois de aprovados na generalidade, no ano passado, três projetos de lei – um do PSD e dois do PAN – baixaram à comissão, com o objetivo de alterar a lei n.º 31/2009, de 03 de julho, segundo a qual os projetos de arquitetura apenas podem ser “elaborados por arquitetos com inscrição na Ordem dos Arquitetos”.
Em dezembro do ano passado, os deputados da comissão receberam, em audições, entidades ligadas ao processo, nomeadamente a Ordem dos Arquitetos, a Ordem dos Engenheiros Técnicos, a Ordem dos Engenheiros e a Associação dos Agentes Técnicos de Arquitetura e Engenharia.
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