Coimbra
Operação Amouda: SEF detém última suspeita de grupo criminoso que aliciava portuguesas para casamentos de conveniência
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) deteve, esta manhã, em Lisboa, a última suspeita de um grupo criminoso organizado que recrutou, pelo menos, 50 mulheres portuguesas para casamentos de conveniência, um grupo indiciado pelos crimes de associação ao auxílio à imigração ilegal, imigração ilegal, falsificação ou contrafação de documentos, casamentos de conveniência e associação criminosa.
No âmbito da operação “Amouda”, iniciada na passada terça feira SEF, em colaboração com as autoridades belgas, havia sido detidos três suspeitos. Os mesmos foram presentes ontem a Tribunal tendo-lhe sido aplicada a medida de prisão preventiva, no Estabelecimento Prisional de Lisboa.
Foi ainda constituída arguida uma advogada e um quinto suspeito ficou obrigado a apresentações diárias na PSP da área de residência. A mulher detida hoje, angariadora e nubente, será ouvida amanhã no Tribunal de Loures, a fim de serem aplicadas as devidas medidas de coação.
Nesta operação, que contou com o apoio da Europol e da Eurojust, foram realizadas 18 buscas domiciliárias, encontrados dezenas de documentos falsificados, apreendido diversos equipamentos informáticos (laptops, desktops e outros dispositivos móveis), grandes quantias de dinheiro e, ainda, produto estupefaciente.
O grupo criminoso estava envolvido na facilitação da imigração ilegal, através da organização de casamentos conveniência, predominantemente entre cidadãs nacionais e cidadãos indostânicos.
As mulheres portuguesas eram recrutadas para casar com homens de origem indostânica, que não conheciam, e, em contrapartida, recebiam cerca de cinco mil euros. Depois, os casais viajavam para a Bélgica, onde os cidadãos indostânicos tentavam a legalização por via do casamento com cidadã comunitária, o que permitia aos maridos permanecer na União Europeia, obter autorizações de residência e, em seguida, obter lucros ilícitos com benefícios sociais.
O SEF deu início a esta investigação em 2016, após as autoridades belgas terem detetado um aumento suspeito do número de certidões de casamento emitidas em Portugal, que viriam a revelar-se falsas.
Devido à natureza internacional do crime, foi criada uma Equipa de Investigação Conjunta (JIT) que culminou num Dia de Ação Conjunta, realizada simultaneamente em Bruxelas (Bélgica), Lisboa e Algarve. Para facilitar a cooperação direta, oficiais belgas estiveram presentes em Portugal enquanto uma equipa do SEF viajou para a Bélgica.
A Europol apoiou a operação conjunta no centro de coordenação criado pela Eurojust. Analistas da Europol foram, também, destacados para a Bélgica e Portugal para verificação cruzada de informações em tempo real e análise forense de telemóveis.
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