Saúde
Oito em cada 10 utentes com mais de 45 anos têm pelo menos uma doença crónica
Oito em cada dez utentes dos cuidados de saúde primários com 45 ou mais anos têm pelo menos uma doença crónica, segundo um estudo internacional divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde que envolveu 15 países, entre os quais Portugal.
O relatório “Healthcare Through Patients’ Eyes – The next generation of healthcare performance indicators” (Os cuidados de saúde na ótica dos doentes – A próxima geração de indicadores de desempenho dos cuidados de saúde) apresenta os resultados preliminares internacionais do inquérito principal aplicado a utentes dos cuidados de saúde primários, no âmbito do Estudo Internacional sobre os Resultados e Experiências dos Utentes com os Serviços de Saúde (PARIS, sigla em inglês).
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Segundo o estudo, 80,5% dos doentes inquiridos, com 45 anos ou mais anos, que utilizam os cuidados de saúde primários, referiram ter pelo menos uma doença crónica, metade disse ter mais do que uma e um quarto vive com três ou mais doenças crónicas.
“Embora o número total de doenças crónicas fosse comparável entre homens e mulheres, com 45 anos ou mais anos, algumas doenças eram significativamente mais comuns nos homens, como a tensão arterial elevada (49% dos homens contra 38% das mulheres) e doenças cardiovasculares (22% contra 13% das mulheres)”, salienta.
As mulheres referiram mais ter artrite (37% contra 27% dos homens) e depressão ou outros problemas de saúde mental (19% contra 11% dos homens).
A percentagem de pessoas com três ou mais doenças crónicas que classificam a sua saúde como boa, muito boa ou excelente varia de 18% a 70% entre os vários países.
Segundo o estudo, as pessoas com várias doenças crónicas são mais propensas a declarar que são saudáveis em países onde os cuidados primários são avaliados como sendo de alta qualidade.
Estes doentes lidam frequentemente com diferentes prestadores de cuidados de saúde e recebem diversos tipos de medicação, tratamentos e conselhos em vários contextos de prestação de cuidados.
“Quanto mais doenças as pessoas estão a gerir, maior é o risco potencial de fragmentação em múltiplas vias de cuidados. Por conseguinte, a coordenação e a continuidade dos cuidados são especialmente importantes”, bem como “uma boa partilha de informações”, através de registos de doentes acessíveis em todo o sistema de saúde, defende.
Outro dos resultados do estudo aponta que o nível de confiança nos sistemas de saúde varia entre 35% e quase 90% nos países analisados.
“A confiança no sistema de saúde está intimamente ligada às experiências que as pessoas têm nos cuidados de saúde primários, em especial pessoas com doenças crónicas”, lê-se no estudo coordenado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e desenvolvido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que irá permitir a comparação de diferentes sistemas de saúde.
Para a maioria dos inquiridos, os cuidados de saúde primários são o ponto de entrada para o sistema de saúde, moldando a sua experiência global de cuidados de saúde.
Quase 80% dos inquiridos declara ter uma elevada confiança no seu prestador de cuidados primários, acrescenta o relatório que foi divulgado no âmbito da reunião de ministros da saúde da OCDE, que decorreu no passado dia 23 de janeiro, prevendo-se a divulgação dos resultados finais do estudo no final de 2024.
Os resultados preliminares foram recolhidos entre janeiro e novembro de 2023, junto de 61.126 doentes em 1.218 unidades de cuidados de saúde primários de 15 países: Bélgica, Canadá, República Checa, Grécia, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Portugal, Arábia Saudita, Eslovénia, Espanha, Estados Unidos e País de Gales (Reino Unido).
Em Portugal, o estudo decorreu entre agosto e novembro de 2023, e contou com a participação de 86 prestadores de cuidados de saúde primários e de cerca de 10.000 utentes.
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