Saúde

O que o cancro não mostra. O peso psicológico da doença para pacientes e cuidadores

Notícias de Coimbra | 3 horas atrás em 03-02-2025

 O cancro não afeta apenas a saúde física, mas também a saúde mental, o funcionamento familiar e social e a qualidade de vida. Não admira, portanto, que seja uma das doenças mais temidas do mundo. Associamos a palavra cancro a sofrimento, a perda de bem-estar, a morte a luto. Por isso, é natural que nos provoque desconforto, preocupação, ansiedade e medo.

Para ajudar a lidar com estes sentimentos, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) disponibiliza, na véspera do Dia Mundial do Cancro, que se assinala a 4 de fevereiro, o documento “Vamos Falar sobre Cancro”, que responde a várias questões relacionadas com a doença.

Quando recebemos um diagnóstico de cancro pode parecer-nos que o mundo se virou do avesso e sentirmos muitos sentimentos, por exemplo, choque e descrença (“não consigo acreditar”); sensação de alienação (“nada disto parece real”), entorpecimento ou esvaziamento emocional; zanga, revolta e injustiça (“porquê eu?”); sobrecarga e dificuldade em compreender toda a nova informação e palavras; falta de controlo; dor pelos planos que tínhamos para a nossa vida e que poderão já não se realizar; preocupação, ansiedade e/ou pânico; medo de morrer; tristeza e desesperança; e solidão.

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O cancro também tem um impacto psicológico nos cuidadores, familiares e amigos. Por exemplo, no caso dos parceiros da pessoa que tem cancro, o sofrimento psicológico pode ser equivalente ao longo da doença, sendo que na fase de tratamentos, são os cuidadores que experienciam mais sofrimento. No caso dos pais e mães de crianças com cancro, o sofrimento psicológico e as taxas de Perturbação de Stress Pós-Traumático são superiores às das próprias crianças com cancro e às dos adultos que recuperaram. Os filhos de pessoas com cancro também revelam maior risco de desenvolver problemas de Saúde Mental e de ter problemas na escola.

A partir do momento em que recebemos um diagnóstico de cancro precisamos de percorrer um processo de adaptação a uma situação nova. É importante lembrar que não há formas certas e erradas de o fazer. Todos somos diferentes e, por isso, cada pessoa reage e adapta-se de forma diferente à doença. Muitas vezes, este processo implica inúmeras mudanças na nossa vida (por exemplo, passar a viver continuamente com a incerteza do prognóstico, alterações na aparência física ou imagem corporal, dor crónica, alteração de capacidades ou limitações na mobilidade, preocupações com dinheiro, estigma social, tensões nas relações familiares e de amizade ou alterações do projeto de vida pré-estabelecido) e uma “montanha-russa emocional”, que nos obriga a gerir pensamentos e sentimentos ambivalentes e contraditórios.

Algumas estratégias podem ajudar-nos a lidar e a viver com um problema oncológico, tais como, expressar as nossas emoções e sentimentos, procurar informação e aprender sobre a doença, confiar nos profissionais de saúde, procurar informação e aprender sobre a doença, contar com familiares e amigos, antecipar o que pudermos antecipar, planear alterações à rotina, manter hábitos e projetos de vida, cultivar a esperança, o optimismo e o sentido de humor, cuidar da saúde psicológica e privilegiar o autocuidado e procurar ajuda.

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