Há quem diga que a tradição já não é o que era. Mas basta olhar para a história para percebermos que o Halloween é mais antigo que os Bolinhos e Bolinhós portugueses.
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Comecemos pelo Halloween. Começou por ser uma celebração celta, que se chamava Samhain, e marcava o fim do verão, o fim das colheitas e o início do inverno e do novo ano.
Esta celebração durava três dias, período que hoje em dia coincide com as celebrações católicas da Vigília de Todos os Santos (noite de 31 de outubro), Dia de Todos os Santos (1 de novembro) e Dia dos Fiéis Defuntos (2 de novembro).
Desde tempos de que já não há memória, este período está associado aos fantasmas e aos espíritos. Os celtas acreditavam que os mortos regressavam e que outros seres do submundo se passeavam entre os vivos.
Na segunda metade do séc. XIX, fugidos da Grande Fome, muitos Irlandeses migraram para os Estados Unidos. E foi aí que que a cultura do Halloween se tornou popular.
Os norte-americanos começaram a mascarar-se e a pedir dinheiro ou comida de porta em porta. E assim começou a tradição que hoje em dia conhecemos como “doçura ou travessura” e que ocorre na Vigília de Todos os Santos (noite de 31 de outubro).
Quanto aos portugueses Bolinhos e Bolinhós ou Pão de Deus, têm lugar na noite de 1 de Novembro (Dia de Todos-os-Santos).
Com raízes católicas, esta tradição consiste na reunião de um grupo de crianças que sai à rua nessa noite, batendo de porta em porta, cantando uma lúgubre cantilena e pedindo oferendas, ou seja, bolinhos e bolinhós.
As caras eram tapadas com caixas de papel ou abóboras, em forma de cara, com uma vela acesa no seu interior.
Assim que batem na porta, estas crianças usam rimas e cantigas com estrofes de agradecimento a quem oferece doces, mas menos simpáticas para quem não o faz.
Desde a tradição celtica, passando por todas as tradições cristãs, o Pão Por Deus é uma festa do povo, e mais que tudo das crianças. E é mais uma tradição de Portugal.
Fique a conhecer a lenga-lenga dos Bolinhos e Bolinhós:
Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós,
Para dar aos finados
Que estão mortos e enterrados
À (porta da) bela, (bela) cruz
Truz! Truz!
A senhora (que) está lá dentro
(As)sentada num banquinho
Faz favor de vir cá fora
P´ra nos dar um tostãozinho
Ou então um bolinho.
Quando as pessoas a quem pertencia a casa abriam a porta e davam alguma coisa, cantava-se:
Esta casa cheira a broa,
Aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho,
Aqui mora um santinho.
Se as pessoas não abriam a porta ou não davam alguma coisa, então era costume cantar-se:
Esta casa cheira a alho
Aqui mora algum espantalho/bandalho.
Esta casa cheira a unto,
Aqui mora algum defunto.
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