Coimbra
O PCP não está presente “nas exéquias” da Casa da Escrita
O PCP não aceita a extinção da Casa da Escrita, que hoje se pretende consumar através da cedência daquele equipamento municipal a uma “Associação Portugal Brasil – 200 Anos”, sem qualquer tipo de atividade conhecida na área da Cultura, ou em qualquer outro domínio, anuncia o partido em comunicado enviado a Notícias de Coimbra.
Por isso, os seus eleitos não estarão presentes nas exéquias anunciadas para hoje, a partir das 10h.
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Os eleitos do PCP vêm denunciando, junto da população e nos órgãos em que tomam assento, um negócio de “contornos ocultos e de desconhecido propósito, realizado à margem de qualquer tipo de discussão ou deliberação autárquica, num claro desrespeito pelo poder autárquico democraticamente eleito”.
“Num claro sinal de abuso e de usurpação consentida de um equipamento municipal, a organização responsável pela instalação da chamada “Casa da Cidadania da Língua” anunciava a posse da Casa do Arco antes mesmo da assinatura do Acordo de Parceria com o Município de Coimbra, que hoje mesmo pretende extinguir a Casa da Escrita e, consequentemente, renunciar à tarefa de dignificação daquele espaço de Cultura”, lamentam os comunistas.
Com a a extinção da Casa da Escrita expulsa-se do convívio da população a presença do seu mais ilustre morador, João José Cochofel, de toda uma geração de artistas e pensadores que marcaram a vida de Coimbra e de Portugal nos anos da ditadura. Na Casa que assumiu deveres de serviço público no apoio à escrita e na promoção do livro e da leitura, instalam-se agora mercadores de “marcas”, que anunciam foguetórios de “atratividade” e desconhecidos talentos de “diplomacia informal”, sublinha.
O PCP afiança não ignora nem desvaloriza o potencial económico da cultura, a sua ligação ao trabalho e a sua capacidade de criação de riqueza. Mas, num momento de imposição das leis do mercado em todos os setores da sociedade portuguesa, é vital a adoção de políticas capazes de chegar além da redutora dimensão do entretenimento e do evento de “encher o olho”.
O PCP reivindica para a Casa da Escrita a condição de ferramenta decisiva na concretização de uma política cultural que mobilize o livro, a leitura e a literatura na afirmação de um espaço de conhecimento e de criação literária de vocação universalista, aberto a todas as línguas e culturas.
A Casa da Escrita, em Coimbra, vai passar a ser a Casa da Cidadania da Língua, após aprovação de protocolo na reunião da câmara, que foi criticado pela oposição por falta de transparência no processo.
O presidente da Câmara, José Manuel Silva, eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra (liderada pelo PSD), esteve ausente da votação e discussão do protocolo com a Associação Portugal Brasil 200 Anos (APBRA), que rebatiza aquele espaço municipal na Alta da cidade, por o seu irmão e antigo reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, ser um dos fundadores da instituição e, segundo o ‘site’ da mesma, presidente da mesa da assembleia geral.
Para a aprovação do protocolo, o vice-presidente do município, Francisco Veiga, teve de manifestar o voto de qualidade, face aos cinco votos contra do PS e da CDU, contra os também cinco votos favoráveis da coligação Juntos Somos Coimbra.
O protocolo determina que a APBRA, presidida por José Manuel Diogo, passa a programar aquele espaço, com o município a suportar até 75 mil euros das despesas anuais no funcionamento da Casa, sem transferência de verba direta para a associação, esclareceu, antes de se ausentar, José Manuel Silva.
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